Acordo em Gaza entra em fase “crucial”, com negociações progredindo no Cairo e Doha

Jornal palestino publicou, nesta quarta-feira (18), que um acordo chegou “ao estágio final”

Por Moises Rabinovici

Acordo em Gaza entra em fase “crucial”, com negociações progredindo no Cairo e Doha
Guerra em Gaza dura mais de dois anos
REUTERS/Ramadan Abed

Várias vezes anunciado como “iminente”, agora o acordo de cessar-fogo em Gaza e troca de reféns por prisioneiros palestinos entrou numa fase “crucial”, podendo ser concluído brevemente. O que dá crédito às informações são consultas de Israel a familiares de presos sobre se concordam em viver na Turquia, no Catar ou em algum outro país muçulmano, para onde serão deportados os condenados à prisão perpétua por crimes de sangue.

As negociações estão progredindo no Cairo e em Doha, simultaneamente. O jornal palestino Al Quds (A Santa, o nome árabe de Jerusalém) publicou, nesta quarta-feira (18), que um acordo chegou “ao estágio final”. O Yedioth Ahronot, israelense, o confirmou.

O principal prisioneiro palestino a ser libertado é Marwan Barghouti, apontado como o líder potencial capaz de unir as facções rivais do Hamas e do Fatah. Ele está preso desde 2002. O segundo mais importante prisioneiro é Ahmed Saadat, secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, que planejou o assassinato do ministro israelense Rehavan Zeevi, em 2001. As esposas dos dois não se opuseram a viver na Turquia. O Irã não aparece no acordo como opção de exílio a ex-prisioneiros.

O Hamas acedeu a duas exigências de Israel para levar as negociações à fase “crucial”: 

  1. concordou que o cessar-fogo não seja considerado o fim da guerra; e
  2. permitiu que tropas israelenses sejam mantidas nos corredores Philadelphi e Netzarim, mas não mais nos centros das cidades de Gaza, até um acordo de paz definitivo. 

Uma lista de reféns vivos e mortos já foi entregue. E uma lista de prisioneiros já está em discussão.

Muitos dos prisioneiros palestinos escolheram ficar na Cisjordânia, porque Gaza está arrasada. Cerca de 30 reféns israelenses “humanitários” serão libertados na primeira fase de seis semanas de cessar-fogo: são mulheres, idosos e doentes, mais corpos de mortos. Ao mesmo tempo, deslocados palestinos poderão voltar ao norte de Gaza. O controle da passagem de Rafah passará para a Autoridade Palestina (AP), sob supervisão do Egito.

O Hamas exige garantias internacionais de que Israel vai implementar todas as etapas do acordo. Uma delegação israelense viajou para o Catar, onde era esperado o diretor da CIA, Bill Burns. “Agora, é uma questão de tempo”, disse um negociador americano ao Yedioth Ahronot. O acordo deverá ser anunciado antes de 20 de janeiro, quando o presidente Biden transfere seu cargo para o presidente eleito Donald Trump.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais