'A gente já sabe que ele não está mais aqui', diz sogra de Dom Phillips

Jornalista britânico e indigenista brasileiro desapareceram na Amazônia há uma semana durante uma reportagem

Rodrigo Viga Gaier, da Reuters no Rio de Janeiro

Ato pede empenho de autoridades na busca por jornalista e indigenista desaparecidos Reprodução/Twitter @Cecillia
Ato pede empenho de autoridades na busca por jornalista e indigenista desaparecidos
Reprodução/Twitter @Cecillia

Um ato em Copacabana neste domingo pediu empenho das autoridades brasileiras nas buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira, desaparecidos há uma semana quando faziam uma reportagem na Amazônia.

Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação pacífica na orla da praia de Copacabana, local onde o jornalista praticava atividades físicas quando morava no Rio de Janeiro. 

Os manifestantes levaram faixas, cartazes e camisas com dizeres "onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira?". O ato também serviu para cobrar das autoridades atuação contra as violações à floresta amazônica e aos povos que vivem no Vale do Javari.

"A dor é muito grande e ele era um filho, muito amado. Quando a gente soube da notícia, como o Bruno tinha muita experiência, a gente tinha esperança que eles tivessem fugido pela floresta", disse a sogra de Dom, Maria Lúcia Sampaio, acrescentando que com no decorrer da semana "a gente foi perdendo esperança e hoje a gente já sabe que ele não está mais aqui".

Na sexta-feira, equipes de busca encontraram material orgânico "aparentemente humano" em um rio onde o jornalista britânico e o indigenista brasileiro desapareceram, segundo a Polícia Federal.

A PF informou também, em nota à imprensa, que o achado seria enviado para perícia e que coletou material genético de referência de Phillips e de Pereira para comparar com sangue encontrado no barco de um pescador detido como suspeito na investigação.

Já havia determinação judicial para que o suspeito detido pelo desaparecimento do indigenista e do jornalista fique mais 30 dias sob custódia, enquanto a polícia investiga seu envolvimento no caso.

O presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, também cobrou repostas das autoridades.

"Dom sempre tinha interesse não só pela notícia mas pelas vidas humanas. Muitos brasileiros deveriam estar preocupados com o que acontece na Amazônia, onde há um território imenso sob domínio de milícias, bandidos, pistoleiros e narcotraficantes. As autoridades públicas brasileiras têm o dever de oferecer resposta célere", afirmou.

"Os direitos humanos clamam por repostas", adicionou.

O jornalista e o indigenista viajavam para uma reportagem em área remota da selva na fronteira entre Peru e Colômbia, que abriga o maior número de povos indígenas isolados do mundo. A região selvagem e sem lei atrai quadrilhas de contrabando de cocaína, madeireiros ilegais, garimpeiros e caçadores.

O desaparecimento da dupla repercutiu globalmente, com ícones brasileiros como Pelé e o cantor Caetano Veloso se juntando a políticos, ambientalistas e ativistas do direitos humanos na cobrança para que o presidente Jair Bolsonaro intensifique a operação de busca.

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