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30 anos depois, marcas dos Aliados ainda estão em Berlim

Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética ocuparam capital alemã ao final da Segunda Guerra, deixando-a definitivamente só em 1994. Os vestígios daquela época, porém, ainda estão por todos os lados.

Por Deutsche Welle

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As tropas da coalizão que derrotou Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) passaram quase meio século estacionadas na Alemanha.

Tudo começou em 8 de maio de 1945, o dia da capitulação incondicional do Terceiro Reich ante as forças aliadas. Era o fim de um dos piores conflitos da história, que custou pelo menos 60 milhões de vidas e fora provocado pelos nazistas.

Pouco tempo depois, em 2 de agosto daquele mesmo ano, a Alemanha foi dividida em quatro zonas pelas potências vencedoras. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França ficaram com o lado ocidental do país, e a União Soviética, com o oriental; o primeiro deu origem em 1949 à República Federal da Alemanha (RFA), enquanto o segundo virou a República Democrática Alemã (RDA) – uma ditadura comunista que de democrática só tinha o nome.

Uma Berlim dividida em quatro setores

A antiga capital do Reich nazista também foi dividida em quatro setores entre os Aliados, e já naquele momento começaram a crescer as tensões entre as potências vencedoras da guerra.

Da aliança militar forjada por conveniência surgiram dois campos inimigos: o democrático, dos aliados do Ocidente, e o comunista, da União Soviética. E é em Berlim que essas tensões afloraram com mais intensidade, com o bloqueio soviético dos setores ocidentais em junho de 1948. O objetivo: assumir o controle de toda a cidade.

A ponte áerea que salvou Berlim Ocidental

Estados Unidos, Reino Unido e França reagiram ao bloqueio com a lendária ponte aérea de Berlim.

Para garantir a sobrevivência dos 2,2 milhões de cidadãos nos setores ocidentais, aviões abasteciam a cidade com todo tipo de suprimentos: alimentos, remédios, combustível, carvão para manter as casas aquecidas. Os aviões foram carinhosamente apelidados pelos berlinenses de Rosinenbomber, ou "bombardeiros das passas" – uma alusão aos pacotes cheios de guloseimas lançados por soldados americanos sobre a cidade antes do pouso, e que faziam a alegria das crianças.

Acidentes aéreos e outros infortúnios associados à ação mataram cerca de 100 pessoas – as vítimas são lembradas no Memorial da Ponte Aérea (Luftbrücken-Denkmal) no antigo aeroporto de Tempelhof, onde aterrissavam parte dos aviões dos aliados.

A ponte aérea durou até o fim do bloqueio, em maio de 1949. A história dessa façanha logística é contada na exposição permanente do Museu dos Aliados (Alliierten-Museum), no antigo setor americano.

Um cinema para soldados que virou museu

O próprio imóvel que abriga o Museu dos Aliados é histórico: ali ficava o cinema Outpost, que atendia soldados americanos. E a alameda onde está situado o museu, a Clayallee, é uma homenagem ao organizador da ponte aérea, o general americano Lucius D. Clay.

Checkpoint Charlie: um ímã de turistas

Há ainda o mundialmente famoso Checkpoint Charlie, antigo posto militar na fronteira entre Berlim Ocidental e Oriental.

Hoje ele é parada obrigatória para quem visita Berlim. Muitos se deixam fotografar diante da réplica – o original está no Museu dos Aliados.

Erguido após a construção do Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961, era por ali que militares das forças aliadas e diplomatas transitavam livremente entre os dois lados da cidade. Naquela época, o local chegou a ser cenário de um impressionante confronto entre tanques de guerra americanos e soviéticos.

Tanques e túmulos ao lado do Portão de Brandemburgo

E por falar em tanques, há alguns deles espalhados por Berlim.

Um está posicionado em frente ao Museu Berlim-Karlshorst, no antigo setor soviético. O ponto alto da exposição permanente é o Salão da Capitulação (Kapitulationssaal), onde foi selado o fim da Segunda Guerra em 8 de maio de 1945.

O Memorial de Guerra Soviético ao lado do Portão de Brandemburgo também está cercado por tanques. Ali também estão enterrados ao menos 2 mil soldados do Exército Vermelho que caíram na Batalha de Berlim, travada entre 16 de abril e 2 de maio de 1945.

O aeroporto militar de Gatow, no antigo setor britânico, é outra lembrança da presença aliada. A Força Área Real esteve estacionada ali até a saída definitiva das tropas, em 8 de setembro de 1994. Hoje, o local está sob proteção do patrimônio histórico e abriga o Museu das Forças Armadas alemãs (Museum der Bundeswehr).

Em Tempelhof e Tegel os aviões já não pousam

Gatow não tem tráfego aéreo há muito tempo, assim como os outros dois aeroportos nos setores americano e francês que, naquela época, eram de uso militar e civil: Tempelhof e Tegel. Ali, hoje é possível se informar sobre a história cheia de reviravoltas dos aliados.

Uma atração especial deve voltar a ser exibida em novembro deste ano, após passar por restauração: a réplica em madeira da Torre Eiffel, com 13 metros de altura, que decora a entrada do Centro Francês, no bairro de Wedding. A instituição cultural foi inaugurada em 1961 e hoje se dedica à promoção da amizade franco-alemã.

Nomes de rua lembram o passado

Faz 30 anos que os últimos soldados das forças aliadas da Segunda Guerra deixaram Berlim. Parte das casernas que deixaram para trás são hoje usadas pelas Forças Armadas alemãs.

A herança dos Aliados é visível principalmente em pontos históricos. Ainda assim, há outros rastros curiosos, que surpreendem principalmente os desavisados. Um desses lugares é a Cité Foch, um antigo conjunto habitacional no distrito de Reinickendorf que era usado por militares franceses. Ali, o passado continua vivo nos nomes das ruas: Avenue Charles de Gaulle, Place Molière, Rue Montesquieu.

Autor: Marcel Fürstenau

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