1949: Criação da República Democrática Alemã

A República Democrática Alemã foi criada em 7 de outubro de 1949, data em que entrou em vigor sua Constituição. Seu regime era comunista e de economia planificada. Berlim Oriental era a capital.

Por Deutsche Welle

Em 15 de setembro de 1949, Konrad Adenauer havia sido eleito em Bonn primeiro chanceler federal da República Federal da Alemanha (RFA). No outro território alemão criado no pós-guerra, o Partido Socialista Unitário (SED), o partido único do Estado alemão controlado pelo regime soviético após a Segunda Guerra, considerava Adenauer "chanceler do imperialismo ocidental" e, por isso, o via com hostilidade.

Um dia após a eleição de Adenauer, uma delegação do Leste alemão viajou a Moscou para pleitear a criação de um Estado alemão socialista.

Aprovação de Stalin

A delegação liderada por Walter Ulbricht, criador do SED, teve de esperar 11 dias pelo "sim" do Kremlin. Moscou lhes permitiu criar um Estado próprio, mas que ficaria sob a custódia da União Soviética.

O SED, resultante da união forçada entre o Partido Social Democrata (SPD) e o Partido Comunista (KPD), já havia encaminhado a fundação do novo Estado alemão no primeiro semestre de 1949.

Em maio daquele ano, os participantes do Congresso do Povo (Volkskongress) haviam sido apontados em uma lista unitária. Essa votação seria a primeira de uma longa série de eleições falsificadas na República Democrática Alemã (RDA).

Na votação, 31,5% do eleitorado havia respondido com "não" aos nomes apresentados, enquanto 7% se absteve, o que levou a uma recontagem dos votos. Dessa vez, nomes riscados e cédulas em branco foram considerados "sim". Com isso, 61,1% dos votos passaram a ser a favor da lista única.

"Tem de parecer democrático..."

O assim eleito Congresso do Povo convocou um Conselho Alemão do Povo (Deutscher Volksrat), encarregado de ratificar uma Constituição já elaborada para a República Democrática Alemã, e de fundar o novo Estado. Ulbricht, que comandava tudo dos bastidores, ordenara que o processo parecesse democrático, mas que o SED deveria "ter o controle de tudo".

No dia 7 de outubro de 1949, então, os delegados do Conselho do Povo se reuniram no salão de festas do ex-Ministério de Aeronáutica. Os alemães-orientais puderam acompanhar pelo rádio o anúncio do "primeiro Estado de trabalhadores e agricultores em solo alemão".

Concretizou-se, assim, o que já se delineava há muito tempo entre as forças aliadas vitoriosas da Segunda Guerra Mundial: a responsabilidade conjunta sobre a Alemanha derrotada havia se transformado em luta pela supremacia na Europa.

Divisão da Alemanha e da Europa

Embora ainda não houvesse cercas e mecanismos automáticos de disparo entre os dois Estados, a fronteira delineava não só a divisão alemã, mas também a cisão do continente europeu. Em ambos os lados da "linha de demarcação", os alemães haviam se tornado súditos das respectivas forças de ocupação.

A meta do ditador russo Josef Stalin era clara: com a fundação da RDA, agora fortemente ancorada no então chamado Bloco do Leste Europeu, ele estendia a influência política e militar definitivamente até o rio Elba, fronteira entre os dois Estados alemães.

O "grande líder da União Soviética" escreveu em 7 de outubro de 1949 aos fundadores da República Democrática Alemã que "a existência de uma Alemanha amante da paz e democrática, ao lado da existência da União Soviética pacífica" tornava impossível tanto uma nova guerra quanto a "escravização dos países europeus pelos imperialistas ocidentais".

O "melhor Estado alemão"

Enquanto na Alemanha Ocidental a prosperidade econômica e a estabilidade política ajudavam a recalcar rapidamente as preocupações pós-guerra, a República Democrática Alemã buscou não apenas o bem-estar material mas, acima de tudo, também um renascer ideológico após as desgraças do Terceiro Reich.

Em 1949, muitos alemães-orientais defendiam essa ideia. Para eles, o Estado socialista era a resposta certa ao fascismo, à guerra e ao Holocausto, que haviam danificado a imagem dos alemães no mundo.

Walter Ulbricht deixaria claro que o mais importante "é a luta contra a ideologia fascista e contra outras ideologias reacionárias, voltadas contra o interesse da classe trabalhadora e contra um desenvolvimento progressista da Alemanha".

Mais tarde, ele acrescentaria: "Um dia o SED se tornará o principal partido de toda a Alemanha, pois este é o desejo da grande maioria dos alemães". Contudo a euforia de parte da população com a fundação do Estado socialista alemão daria drasticamente lugar à perda de confiança em sua liderança política.

Experimento fracassado

Desde o início, a história da RDA não foi promissora. A ideia de que o SED poderia assumir em um futuro próximo a liderança em toda a Alemanha saiu pela culatra, culminando em 1989 no colapso do regime através da revolução pacífica da população alemã-oriental. Esta preferia os partidos democráticos da Alemanha Ocidental.

Da mesma forma como não foi concretizado o sonho de Ulbricht, a acusação de Stalin de que os "imperialistas ocidentais" queriam "escravizar" os países europeus, acabou recaindo sobre aquele que a pronunciara.

A certidão de nascimento da RDA já continha seu atestado de óbito: a proibição de deixar o país e a vigilância do próprio povo pelo Ministério de Segurança Estatal contribuíram para a derrocada do sistema, da mesma forma como a construção do Muro de Berlim, em agosto de 1961, ou os slogans vazios dos senis funcionários do SED.

Após 40 anos de opressão da liberdade de expressão e limitação do desenvolvimento individual, o sonho do suposto "melhor Estado alemão" acabou de forma tempestuosa com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989 e a Reunificação da Alemanha, no ano seguinte.

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