Questões climáticas, IA, metaverso: os 10 principais assuntos do Web Summit 2023

Evento que aconteceu nesta semana em Lisboa, Portugal, trouxe tendências e pautas relevantes para o mercado

Rafael Martins, colunista de Tecnologia da Band RS

Questões climáticas, IA, metaverso: os 10 principais assuntos do Web Summit 2023
Lauren Wright, fundadora e CEO da The Natural Nipple, durante mesa redonda no 3º dia
Sam Barnes/Web Summit

A expectativa que se tinha para o Web Summit 2023, realizado na cidade portuguesa de Lisboa, entre os dias 13 e 16 de novembro, foi totalmente concretizada. O evento contou com muito conteúdo sobre Inteligência Artificial, metaverso, polêmicas e teve milhares de pessoas vindas de todo o mundo. Veja abaixo os 10 principais temas do encontro deste ano:

Polêmica com ex-CEO

Logo na abertura do evento, a nova CEO Katherine Maher deu as boas-vindas ao Web Summit e defendeu o direito de expressão como um dos principais pilares para a democracia. A fala foi uma defesa ao ex-CEO Paddy, que pediu demissão após entrar em polêmicas ao emitir sua opinião sobre o conflito entre Israel e o grupo Hamas. “Queremos ser palco e não o assunto”, disse Maher ao fechar o seu talk.

O assunto, no entanto, não se esgotou e voltou a ser debatido em coletiva de imprensa tensa. A CEO também foi questionada sobre a baixa qualidade dos conteúdos deste ano, a saída de grandes empresas de tecnologia, como Google, Meta, Amazon e outros, e sobre seu suposto envolvimento pessoal com Paddy. Em todas as questões, Maher foi protocolar, respondendo sem dar opinião e se valendo do fato de estar pouco tempo no cargo. O único momento em que subiu o tom foi ao ser perguntada sobre seu envolvimento com Paddy, dizendo que o viu, no máximo, duas vezes até hoje e que essa insinuação era uma visão misógina.

Questões climáticas

Historicamente o evento traz conteúdos sobre o meio ambiente, o impacto da tecnologia e diversas soluções com startups inovadoras a fim de resolver os desafios. Mas este ano o evento contou com um stand inteiro da Alemanha dedicado ao tema durante os três dias de evento e uma fala importante da Melanie Nakagawa, diretora de sustentabilidade da Microsoft, falando sobre como a IA pode ser utilizada para combater um dos maiores desafios do nosso tempo: as alterações climáticas. 

Gerações

O conflito geracional foi algo muito presente no evento, pois ele traz diversos desafios nas relações de trabalho, nas motivações das pessoas no consumo e até como veem o mundo e o que valorizam. Um dos painéis mais esperados sobre o tema foi com Jay Richards  - Imagen Insights -, onde ele afirmou: “O envolvimento da GenZ com as marcas e a hierarquia de trabalho é completamente diferente. Então o que eles esperam das marcas é essa transparência total, como em uma conversa privada, onde a transparência está sempre presente”. 

Creator Economy

Vimos diversos criadores de conteúdo no Web Summit este ano. Entre eles estavam as brasileiras Mari Maria e Camila Coutinho, que falaram sobre moda, live commerce, criação de produtos e influência digital. Uma das principais atrações foi a Creator Loren Gray, que tem 21 anos, é cantora e empresária e está presente nas redes sociais desde os 13 anos com números impressionantes: são 54 milhões de seguidores no TikTok, 24,4 milhões no Instagram, 3,6 milhões no YouTube, 1,6 milhão no Facebook, 1,5 milhão no X (antigo Twitter) e mais 530 mil ouvintes mensais no Spotify. 

Outra Creator Youtuber que ganhou atenção de todos foi a gamer alemã Niki Nihachu, também conhecida como Niki, que conquistou uma base de fãs na Twitch. Ela transmite jogos como Minecraft, The Sims 4 e Stardew Valley para 2,6 milhões de seguidores.

Todos estes creators não acumulam apenas seguidores, mas uma comunidade gigante de pessoas engajadas, e estão criando muitos produtos e mexendo com a indústria; Um estudo recente da Oxford Economics calculou que, em 2022, o ecossistema criativo do YouTube teria contribuído com aproximadamente R$ 4,5 bilhões para o PIB brasileiro, considerando a renda obtida para as famílias dos criadores, a criação de novos negócios e as parcerias, gerando mais de 140 mil empregos diretos no país.

Computação quântica

Este é um assunto mais complexo, mas com potencial enorme de impacto no mercado como um todo. No painel realizado com Sebastian Weidt, co-fundador e CEO da Universal Quantum, ele se mostrou otimista em lançar nos próximos anos os primeiros computadores quânticos, abordando uma tecnologia emergente que utiliza as leis da mecânica quântica para resolver problemas complexos demais para computadores tradicionais, como se fosse super computadores, que podem acelerar ainda mais o desenvolvimento da IA e de tudo que ela será capaz de fazer em uma velocidade muito super atual. Weidt finalizou pedindo investimento e incentivo de empresas privadas e governos para acelerar o desenvolvimento quântico. 

Startups

Este ano o Web Summit bateu recorde de startups: foram 2.600, de 93 países e 30 setores da indústria. Além disso, diversos países trouxeram stands para atrair startups e fundadores. Portugal não ficou para trás, com um dos maiores stands do evento, o Startup Portugal, que chamou atenção de todos e se mostrou muito atrativo para receber startups que possam desenvolver seus projetos e expandir para o mundo, com apoio do governo. Na batalha de startups, três foram as vencedoras: a plataforma de cibersegurança Ethiack, a Actif, que combate o sedentarismo entre os idosos, e o robô contabilista Jupiter App.

“O Road 2 Web Summit é um dos maiores programas da Startup Portugal, que já ajudou mais de 800 startups em Portugal, mostrando-se indispensável ao desenvolvimento do ecossistema nacional de empreendedorismo. Nas últimas semanas, temos vindo a apoiar as 115 startups a prepararem-se para esta conferência e é muito gratificante perceber a evolução da qualidade dos seus projetos”, diz António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal.

PME

As pequenas e médias empresas também foram destaque no Web Summit. Com a quebra constante de barreiras para vendas globais, o mercado não se limita mais apenas ao país em que moramos, mas sim para o mundo inteiro. Foi com essa premissa que Kuo Zhang, presidente da plataforma de comércio eletrônico Alibaba.com, subiu ao palco do Web Summit mostrando inúmeros recursos para as pequenas empresas possam vender globalmente pela internet, com tradução simultânea, recursos de foto, vídeo e live commerce, instrumentos para que o pequeno realize uma divulgação muito boa de seus produtos. Hoje a plataforma conta com 40 milhões de consumidores e 200 mil fornecedores em todo o mundo. A escala que as PMEs podem dar para qual empresa é imensa, visto que temos muito mais pequenas e médias empresas no mundo do que grandes, e que somadas tem potencial enorme de crescimento.

Relação de trabalho

O presencial x home office também foi assunto na Web Summit. Com a chegada da tecnologia, novos cargos, mercados e formatos de trabalho foram criados. Na pandemia, profissionais de diferentes mercados tiveram que trabalhar de suas casas e, agora em que parece que tudo voltou ao normal, existe um impasse sobre qual de fato tende a ser o melhor modelo de trabalho para as empresas e colaboradores. Antonio Dias Martins, CEO da Startup Portugal, enfatizou que a Lei das Startups, criada recentemente, ainda precisa evoluir no que tange à relação de trabalho das pessoas que atuam em startups.

Metaverso

Já no ano passado, metaverso foi um dos principais temas do evento. No entanto, com a escala incrível de importância que a IA teve, ele perdeu o posto de assunto número 1 para esta edição, mas nem assim deixou de ser comentado pelos corredores. Muitos projetos usando AR e VR estiveram presentes no Web Summit, assim como diversas empresas fazendo uso do metaverso para estreitar a experiência dos clientes com a marca, seus produtos e serviços. Essa ainda é uma tecnologia complexa e cara, mas com a popularização dos óculos, novos recursos e investimentos, teremos em breve muitos novas ferramentas para explorar com o metaverso.

IA

Foi o assunto do evento e não poderia ser diferente no ano em que o dicionário Collins elegeu o termo ‘inteligência artificial’, ou apenas ‘IA’, como a palavra mais importante de 2023. O evento contou com diversas discussões sobre o poder da IA e seus impacto sociais, como o mercado tende a evoluir, como agora todos podem ter um ‘copiloto’ para trabalhar e, com isso, a possibilidade de termos mais eficiência nos trabalhos realizados. 

Diversas startups estão sendo criadas com a IA e empresas já estão utilizando, mas o grande ponto que o evento enalteceu foi a regulação. Como toda tecnologia, ela causa impactos positivos e negativos, mas regular a IA é um imenso desafio, como disse Vasco Pedro, CEO da Unbabel. “Regular a IA é um exercício de constante desatualização, trazendo a ideia que a IA cresce em uma velocidade muito maior que a regulação pode ser feita". 

Além das tendências, startups disruptivas, empresas e pessoas, o Web Summit é um lugar para aprender com a cultura do outro, cultura de mercado, cultura social e cultura de tecnologia. O eventou trouxe a oportunidade de ouvir pessoas de muitos países compartilhando como usam as ferramentas e as tecnologias que temos à disposição no dia a dia. 

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