Em meio à pressão do funcionalismo público por recomposição salarial, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sugere aos servidores que procurem colocação na iniciativa privada. A declaração veio em uma entrevista à Jovem Pan, na última segunda-feira (6), ocasião em que ele aproveitou para alfinetar o Governo Federal
“Se alguém acha que o setor público não paga tão bem, pode seguir carreira no setor privado também, não é isso? Acho que os jovens de hoje deveriam pensar muito na hora de prestar um concurso público, porque nós temos estados em dificuldades. Temos um Governo Federal que está gastando muito mais do que ganha, e isso significa que a carreira pública lá na frente, não vai ser uma carreira que vai estar pagando bem, porque vai ter é dívida para pagar lá na frente”, disse.
Na última quinta-feira (2), o executivo encaminhou à Assembleia, um PL prevendo um reajuste geral de 3,62% para todo o funcionalismo público.
Do outro lado, o diretor fazendário do SINDPÚBLICOS (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público no Estado de Minas Gerais), Ronaldo Machado, critica a declaração do governador, lembrando os reajustes feitos no próprio salário, que também foi concedido à todo o primeiro escalão do secretariado
“É lastimável que uma pessoa que sempre defende a eficiência venha desaconselhar os jovens a ingressar no serviço público através dos concursos. O concurso público na verdade, ele traz pessoas mais qualificadas, deveria ser o contrário, ele deveria estar incentivando as pessoas. O Zema é isso: ano passado reajustou o salário dele em 300% e agora encaminhou esse projeto propondo 3,6 aos servidores. Quer dizer, para ele tudo pode, mas a qualificação do serviço público não interessa para ele, porque na verdade ele quer entregar [o serviço público] à iniciativa privada”, avalia.
Segundo o Governo de Minas, a medida vai beneficiar cerca de 610 mil servidores, entre ativos, inativos e pensionistas.
Está prevista a recomposição salarial retroativa a janeiro deste ano. O percentual, porém, não cobre a inflação registrada pelo IPCA de 2023, que foi de 4,62%.
Os servidores do estado estão na bronca com o governador desde a proposta do Regime de Recuperação Fiscal, que previa congelar os salários do funcionalismo público por nove anos como uma das medidas para o pagamento da dívida de 165 bilhões de reais que Minas deve à União.
A reportagem entrou em contato com o Governo Federal sobre a declaração de gastos e a previsão pessimista diante dos concursos públicos feita pelo governador Romeu Zema e aguarda retorno.