Frequentadores denunciam toque de recolher da PM na Festa da Luz, em BH

Viaturas em alta velocidade em meio aos pedestres, com sirenes ligadas e agentes com armas em cassetetes em punho foram desnecessários na avaliação de quem esteve no evento, e não identificou indícios de criminalidade

Mariana Reis

Festa da Luz em BH
Isis Medeiros/Divulgação

A ação da Polícia Militar foi criticada nas redes sociais por quem visitou a terceira edição da Festa da Luz, que se destaca por projeções luminosas em várias edificações do centro de BH. O evento aconteceu da última quinta (23) até domingo (26), e reuniu cerca de 100 mil pessoas, de acordo com a organização. Luzes, shows, performances e outras intervenções artísticas, mas um clima de tensão no ar, segundo relatos.

Uma das publicações, foi feita pelo jornalista Luiz Othavio Gimenez. “Era para ser um evento de convivência, ocupação do centro, cultura, tem se transformado em um cenário de repressão e violência. Os comerciantes são obrigados a fecharem as portas, a população e os ambulantes tem que ir para casa mais cedo. Isso seria tipo um toque de recolher?”, sugere.

O evento estava programado de seis da tarde à meia noite, mas antes disso a polícia começava a dispersar a população, como relata uma mulher ouvida pela reportagem, que esteve no evento e não quis ser identificada. “Um comboio de viaturas da Polícia Militar, que fizeram a curva do viaduto, entrando na Rua Sapucaí em altíssima velocidade. Nesse primeiro momento a gente achou que tinha acontecido alguma coisa, até que a gente entendeu que não era nada. Andando no meio da população com armas a punho, cassetetes a punho e ficou aquele clima totalmente tenso, de medo. As luzes iam se apagar, mas eles não queriam que a gente permanecesse no centro”, disse.

O proprietário da Panorama Pizzaria, Lucas Brandão, que fica na Rua Sapucaí, em um prédio que recebeu alguns dos refletores, diz que os eventos culturais favorecem muito o estabelecimento, que chegou a faturar mais que o dobro de um fim de semana habitual. No entanto, confirmou a percepção de um clima de apreensão por parte dos clientes. “Se sentiram incomodados mesmo, com a ação da polícia. Uma delas (cliente), disse: “nossa, me senti de volta à ditadura”. Não acho que essa é a postura ideal, policiamento pode ser feito de outra forma”, avaliou.

Procurada, a Polícia Militar de Minas Gerais ainda não se posicionou. A reportagem também solicitou um balanço das ações de segurança realizadas no evento. Os dados geralmente são disponibilizados pela corporação após grandes eventos (a exemplo do Carnaval), mas, desta vez, a PM orientou procurar a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. A pasta, por sua vez, disse que realiza apenas balanços mensais e que dados mais recentes ainda não foram consolidados.

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