Líder indígena cacique Merong Kamakã é encontrado sem vida em Brumadinho

Inicialmente registrada como suicídio pela Polícia Militar, a causa da morte é questionada por lideranças

Rômulo Martins

Líder indígena cacique Merong Kamakã é encontrado sem vida em Brumadinho
Merong se sentia ameaçado pelo trabalho que realizava na defesa dos povos indígenas
Reprodução

A Polícia Civil investiga a morte do cacique Merong Kamakã, do povo pataxó hã-hã-hãe, encontrado sem vida em Brumadinho, nessa segunda-feira (4). Inicialmente registrada como suicídio pela Polícia Militar, a causa da morte é questionada por lideranças. 

Segundo o boletim de ocorrência, Merong foi encontrado morto pela mãe, que suspeitou do comportamento do filho. De acordo com ela, o cacique acordou cedo, tomou café, queimou documentos pessoais e apagou mensagens do celular.

Frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais e amigo do cacique, questiona a versão do boletim de ocorrência. Em nota, ele diz que Merong se sentia ameaçado pelo trabalho que realizava na defesa dos povos indígenas e retomada de terras. Ainda de acordo com o Frei, o amigo foi assassinado. “Simularam suicídio, mas não foi. Ele estava com os pés apoiados no chão”.

Merong nasceu em Contagem, na Grande BH, e foi viver na Bahia ainda criança. Era uma das figuras à frente da Retomada Kamakã Mongóio, no Vale do Córrego de Areias, município de Brumadinho. 

Em nota, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) lamentou profundamente a perda e se solidarizou com familiares e amigos.

Os pataxó hã-hã-hãe têm comunidades na Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu, nos municípios de Itajú do Colônia, Camacã e Pau-Brasil, e também na Terra Indígena Fazenda Baiana, no município de Camamu, na Bahia. Em dezembro do ano passado, outro cacique pataxó hã-hã-hãe, Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos, morreu. O jovem foi surpreendido em uma tocaia e assassinado. Em 21 de janeiro deste ano, a vítima foi a pataxó hã-hã-hãe Maria de Fátima Muniz de Andrade, morta durante um ataque de fazendeiros, no Sul da Bahia.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que está em diálogo com a Polícia Federal para elucidar os fatos.