Depois de momentos de euforia, o pequeno Dico percebeu que um silêncio sepulcral havia tomado conta do lugar. A batucada, planejada para começar no apito final do jogo contra o Uruguai, fora emudecida. O garoto estranhou, e perguntou ao pai o que havia acontecido.
“É... Perdemos a Copa”, contou Dondinho ao filho, que fez a promessa ali mesmo.
“Ah, pai, não se preocupe que eu vou ganhar uma Copa para o senhor”, respondeu Dico naquele 16 de julho de 1950, oito anos antes de ganhar uma Copa do Mundo para o pai – e para o Brasil – na Suécia, em 1958.
“Vocês o chamam de Pelé, mas ele sempre vai ser o Dico”, diz a irmã do Rei, Maria Lúcia, em depoimento especial à Rádio Bandeirantes sobre a infância do craque em Bauru.
Vó Ambrosina
Ela lembra do tempo em que Pelé e irmãos tinham como forte referência a avó, Ambrosina.
“Nós crescemos vendo a grandeza dela”, relembra Maria Lúcia, sobre a senhora que salvava os netos das broncas de dona Celeste, a mãe protetora do jovem Dico.
Maria Lúcia lembra que o irmão foi levado para Santos, por Dondinho e Waldemar de Brito, apesar dos protestos da mãe.
“Mas era o destino, uma missão, nasceu para jogar futebol. E o futebol deu outro nome para o Dico”, conta.
Nesta sexta-feira, 23, nos 80 anos de Pelé – ou melhor, de Dico –, a família se prepara para comemorar, mas sem esquecer da vó Ambrosina.
“Minha avó vai estar com a gente de alguma forma, cuidando lá do céu”, diz Maria Lúcia. “Mas saiba, vó, que a dona Celeste está firme aqui. Nós estamos cuidando dela”, completa.
Texto: Maria Lúcia Arantes do Nascimento (com colaboração de Guilherme Cimatti)
Produção: Guilherme Cimatti
Sonorização: Roger Palm Duarte
Gravação de imagens: Erik Narciso Vernizzi
Edição de imagens: Giovana Guedes