Até quando? Violência e impunidade marcam o futebol brasileiro em 2022

Nos últimos quatro dias, pelo menos quatro times foram alvos de torcedores. Como resolver esse problema?

Nivaldo de Cillo

Nos últimos quatro dias, pelo menos quatro times foram alvos de torcedores
Grêmio FBPA/Divulgação

Os últimos dias têm sido marcados por graves episódios de violência no futebol brasileiro.

Gente que alega torcer por clubes, gente que diz torcer por times adversários. Bombas e pedras. Meios e razões igualmente inaceitáveis. Tudo isso manchou e mancha a principal paixão esportiva dos brasileiros.

Aconteceu de novo no último sábado (26), antes do clássico Internacional e Grêmio pelo Campeonato Gaúcho de 2022. O ônibus dos jogadores gremistas foi atingido a caminho do Beira-Rio pode golpes de pedra e barra de ferro.

O Gre-Nal acabou adiado por conta da selvageria e foi remarcado: quarta-feira da próxima semana, 9 de março. As marcas, talvez, nunca se apaguem.

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O meio-campista paraguaio Mathías Villasanti – que, segundo o Grêmio, teve traumatismo craniano – já recebeu alta hospitalar. Mas os traumas ainda devem persistir por um bom tempo.

Na Bahia

Danilo Fernandes poderia ter ficado cego. Menos mal que escapou daquilo que poderia ter se transformado em uma tragédia.

No dia 24 de fevereiro, o ônibus do Bahia foi atingido por uma bomba na chegada à Arena Fonte Nova, onde o time enfrentou o Sampaio Corrêa pela Copa do Nordeste. O ato teria sido cometido por torcedores do próprio clube de Salvador.

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As avarias no ônibus acabaram atingindo jogadores. Estilhaços provocaram escoriações no goleiro, que teve o rosto ferido. Danilo Fernandes, que compartilhou nas redes sociais imagens do próprio atendimento, já recebeu alta.

Em Pernambuco

Na mesma noite, os jogadores do Náutico foram alvos da própria torcida.

Após a eliminação da equipe para o Tocantinópolis na Copa do Brasil, a van que transportava parte do elenco foi atingida por objetos no desembarque do aeroporto no Recife. Uma janela do veículo foi quebrada.

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No Paraná

Dois dias depois, no mesmo dia em que aconteceria o Gre-Nal, o torcedor brasileiro viu uma inaceitável invasão de gramado no Campeonato Paranaense.

Desta vez, no fim do jogo Paraná Clube 1 x 3 União, quando o time da casa já tinha chances mínimas de escapar do rebaixamento para a segunda divisão estadual.

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Também na rodada de sábado do Paranaense, o Maringá recebeu o FC Cascavel e venceu por 1 a 0. Depois do jogo, o ônibus da delegação visitante foi alvo de ataques.

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E antes disso?

Basta olhar para trás para lembrar de casos semelhantes.

No Fluminense, Romário agrediu um torcedor em 2003. O Flamengo teve episódio semelhante em 2004. O Palmeiras viveu isso em 2006, 2011 e 2013. O Coritiba, em 2006 e 2009. O Corinthians, também em 2011. O Vasco, em 2018. O Cruzeiro vive momentos de tensão desde o fim de 2019. O São Paulo encarou a fúria de torcedores no começo de 2021.

A pergunta que sempre fica é se as notícias desse tipo serão as últimas. Lamentavelmente, a resposta parece ser sempre negativa.

O mundo vive tempos de guerras e tensão – como a pandemia da Covid-19, por exemplo. Vemos mortes e destruição ao redor do planeta – como a invasão russa no território da Ucrânia. Mesmo em tempos assim, a sociedade alimenta a própria destruição – inclusive no esporte.

A covardia e a impunidade são companhias inseparáveis. Enquanto os covardes seguirem impunes, o futebol continuará sendo derrotado – dentro e fora de campo.

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