"Porco" palmeirense nasceu em tragédia corintiana e já teve outro suíno no gramado

Um torcedor jogou uma cabeça de porco no clássico em Itaquera entre Corinthians e Palmeiras

Da redação

Chamou atenção no clássico entre Corinthians e Palmeiras na última segunda-feira (4) o fato de um torcedor ter atirado uma cabeça de porco no gramado. O apelido, hoje abraçado pelo palmeirense, foi criado como ofensa pelos corintianos em um dos momentos mais trágicos da história do clube. 

E essa nem foi a primeira vez que o um torcedor alvinegro levou um porco para o estádio. 

“Espírito de porco”

O apelido de “porco para o Palmeiras surgiu em 1969, após uma tragédia alvinegra. O lateral Lidu e o ponta Eduardo morreram em um acidente de carro na Marginal Tietê.

Em meio ao luto, a diretoria do Corinthians pediu para a Federação Paulista autorização para inscrever mais dois jogadores no meio do Paulistão. A entidade aceitou, desde que todos os clubes concordassem. 

O problema é que o Palmeiras votou “não”

A atitude revoltou os corintianos. Entrou para o folclore que o então presidente do clube, Wadih Helu, teria dito que a atitude palmeirense foi algo de “espírito de porco”. Não há registros da fala de Helu, mas há comentários do tipo em colunas dos jornais da época. 

O fato é que a ideia de “espírito de porco” pegou, possivelmente influenciada pelo modo como os imigrantes italianos foram vistos no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, momento em que o Palestra Itália teve que mudar o nome para Palmeiras. 

Era comum os italianos serem vistos como um povo “porco”, além da expressão “porcos fascistas”. 

O primeiro porco invasor

No primeiro clássico entre as duas equipes, surgiu o primeiro porco invasor. Corintianos soltaram o pobre suíno no gramado do Morumbi no duelo contra o Palmeiras. 

A provocação não teve muito resultado no jogo, o Palmeiras acabou vencendo por 2 a 0, mas reforçou o apelido que ia assombrar o Verdão por mais de uma década. 

O abraço ao porco

Os palmeirenses só foram adotar o porquinho como o mascote extra-oficial do clube em 1986. Após anos ouvindo o grito de “porcooo” dos rivais, as organizadas do Verdão decidirão criar o grito “da-lhê  porco” para desarmar as provocações. 

Ficou imortalizada a capa da revista Placar daquele ano, com o meia Jorginho segurando um porquinho. No ano seguinte, os jogadores inclusive chegaram a entrar em campo com um porquinho de porcelana. 

Viola imita o porco

Apesar de ter assumido o animal, o palmeirense ainda teve momentos de polêmica envolvendo o suíno. Na final do Paulistão de 1993, Viola imitou um porco ao fazer o gol da vitória na partida de ida. O problema é que o Verdão goleou o rival por 4 a 0 no jogo de volta, encerrando uma fila de 17 anos. 

O palmeirense nunca perdoou Viola pelo ato, mesmo com o atacante sendo um dos principais jogadores do clube no vice-campeonato brasileiro de 1997. 

Cabeça de porco

O capítulo mais recente dessa polêmica ocorreu no Brasileirão de 2024. Uma cabeça de porco foi atirada em campo quando o meia Raphael Veiga se preparava para bater um escanteio.

Dois torcedores foram identificados e autuados por provocação de tumulto nesta terça-feira (04). Segundo a SSP, os suspeitos foram detidos e autuados por provocação de tumulto, e encaminhados ao Jecrim, onde foi registrado um Termo Circunstanciado. 

A Polícia Civil requisitou as imagens das câmeras de segurança ao clube para esclarecer a dinâmica do ocorrido. O MPSP informou que ainda vai avaliar a melhor medida a ser pedida judicialmente. Em nota, o Sport Club Corinthians Paulista disse que não vai se posicionar.

Porco na Espanha

Não é só no Brasil que uma cabeça de porco apareceu no gramado. Em 2002, uma foi atirada durante um clássico entre Real Madrid e Barcelona. 

Ali, a história era mais simples, e recente. Os catalães se revoltaram quando o meia português Luís Figo trocou o clube pelo maior rival. 

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