A Portuguesa teve um evento importante na noite desta quarta-feira (6): o projeto de virar SAF (Sociedade Anônima do Futebol) foi apresentado em detalhes diante de torcedores. O evento foi transmitido pelo YouTube e esclareceu dúvidas que tinham surgido após a divulgação inicial, além de detalhar melhor alguns planos.
Uma das empresas do projeto, Tauá, teve dois representantes que comandaram o evento: Andre Berenguer e Alex Bourgeois. Eles pressionaram para que a SAF seja criada e vendida rapidamente: "O Campeonato Paulista começa em 15 de janeiro. Precisamos de uma pré-temporada de 6 semanas. Isso seria em 1º de dezembro, então teria que começar a montar o elenco até 15 de novembro. Se não estivermos nessa corrida, só vai sobrar jogador ruim, que ninguém quis. E a gente não quer correr o risco de ser rebaixado", explicou Alex.
A Portuguesa está se organizando para que tudo aconteça ainda neste mês, mas precisa correr contra o tempo: haverá uma análise do COF (Conselho de Orientação Fiscal), uma votação entre conselheiros e uma assembleia, antes da venda final. A torcida, no geral, tem aprovado a ideia, mas existem conselheiros mais reticentes.
Veja a seguir perguntas e respostas sobre a SAF da Portuguesa:
Quem são os investidores da SAF da Portuguesa?
Três empresas comandam o projeto: XP Investimentos, que terá uma linha de crédito para fazer o investimento no futebol; Tauá, que fará toda gestão do futebol e a recuperação judicial para pagamento de dívidas; e a Revee, que investirá na reforma do Canindé e na realização de eventos.
Quanto será investido na SAF da Portuguesa?
Ao todo estima-se que o valor total vai chegar a R$ 1 bilhão. Mas nem todo esse valor será destinado apenas para o futebol. A reforma do Estádio Canindé deve custar R$ 500 milhões. O pagamento das dívidas é o que gera mais dúvidas, pois é necessário negociá-las. A Tauá acredita que pode reduzir o valor de R$ 450 milhões para R$ 250 milhões.
Já o investimento no futebol está mais detalhado. Durante 5 anos, até o fim de 2029, ele será dividido assim:
Categorias de base: R$ 44 milhões
Compra de jogadores: R$ 50 milhões
Folha salarial: R$ 144 milhões (com promessa de ter a maior folha salarial nas Séries B, C e D)
Centro de Treinamento: R$ 18 milhões
Futebol feminino: R$ 7 milhões
Andre e Alex explicaram que, a cada 2 anos, esses valores podem ser revistos para adequar o projeto à realidade. E assim será construído o planejamento a partir de 2029.
Qual é a meta da SAF da Portuguesa?
O projeto é chegar na Série A do Brasileirão até 2029, com metas a cada temporada:
2025: ficar na A1 do Campeonato Paulista, disputar a 1ª fase da Copa do Brasil e subir na Série D
2026: ficar na A1 do Campeonato Paulista, disputar a 2ª fase da Copa do Brasil e subir na Série C
2027: chegar nas quartas de final do Paulista, disputar a 3ª fase da Copa do Brasil e ficar na Série B
2028: chegar na semifinal do Paulista, disputar as oitavas da Copa do Brasil e subir na Série B
2029: chegar na semifinal do Paulista, disputar as quartas da Copa do Brasil e ficar na Série A
A Portuguesa vai vender quanto da SAF?
A associação ficará com 20%, portanto os novos investidores terão 80%
Quem vai comandar o futebol da Portuguesa?
Andre e Alex participarão ativamente do projeto, comandando decisões tomadas pela Tauá. Eles possuem experiências anteriores no futebol - já atuam no Santos, São Paulo, Lens-FRA e outros clubes -, mas pretendem contratar outro dirigente, que já foi definido. O técnico também está escolhido. Mas estes nomes só serão revelados depois da possível aprovação.
O que vai acontecer com o Canindé?
A apresentação desta quarta não teve um representante da Revee, então alguns detalhes sobre o Canindé não foram abordados. Mas a promessa é transformar o estádio em uma arena que receberá 30 mil pessoas em dias de jogo e cerca de 45 mil pessoas em outros eventos. A verba arrecadada com a arena será dividida entre a Revee e a Portuguesa, em porcentagem não anunciada.
De acordo com André, é provável que a reforma só comece no final de 2025. Portanto a Portuguesa disputaria a Série D no Canindé normalmente. Depois a ideia é fechar acordo para utilizar o Estádio do Pacaembu, enquanto as obras da arena acontecem.
O projeto da nova arena teve participação de Luis Davantel, que atuava na WTorre quando foi desenvolvido o Allianz Parque.
O que falta para aprovar?
XP, Tauá e Revee entregaram uma proposta vinculante para a Portuguesa há quase um mês. Trata-se de um documento com cerca de 60 páginas, que está sendo analisado pelo COF - este órgão não pode fazer um veto, mas fará um posicionamento a favor ou contra. Depois essa análise será feita por conselheiros, o que deve acontecer daqui a uma semana, em 14 de novembro. Este deve ser o dia mais decisivo, porque é quando haverá mais resistência. Depois, se o processo avançar, a tendência é que a venda seja aprovada antes do fim do mês.