Tinga conta como se preparou para deixar o futebol: “Sentia medo”

Ao podcast Denílson Show, ex-meio-campista revelou que guarda só uma lembrança dos tempos de jogador

Por Da redação

Desde que pendurou as chuteiras em 2015, Tinga se reinventou e atuou como dirigente, empresário e palestrante. Em entrevista ao podcast Denílson Show, porém, o ex-meio-campista contou que a preparação para a vida fora dos gramados não foi nada simples e envolveu vários processos.

“O que me fez preparar um pouco para a aposentadoria foi o meu medo de parar. Perguntei para o Falcão quando foi meu treinador sobre aquela frase clássica dele, de que o jogador de futebol morre duas vezes, e a primeira é quando para de jogar. É uma frase que contribuiu muito para mim e para outras pessoas. E nem se aplica só ao futebol, mas a qualquer profissão que a pessoa gosta e de repente tem que parar por causa da idade”, afirmou Tinga. 

“E como eu tinha esse medo eu tentava me organizar, juntar, investir, me conectar com mundos diferentes, adotar um padrão de vida que eu pudesse conduzir depois da carreira…”, completou. 

Com passagens por Grêmio, Inter, Botafogo, Cruzeiro, Borussia Dortmund, seleção brasileira, dentre outros, Tinga abriu o jogo no papo com Denílson Show e Chico Garcia e disse que assim que abandonou os gramados percebeu que faria bem em deixar de participar de “peladas”, além de se desfazer de lembranças dos tempos de jogador como camisas e medalhas.

Nos primeiros três anos depois de parar eu não jogava mais bola. Os caras me chamavam e eu não ia”, disse ele, que se incomodava com algumas conversas pós-jogo naturais entre ex-jogadores. “Começava com aquilo de ‘lembra daquele gol', mas terminava com comparações… Você se sentia um craque ou um m… Quando começa a falar mal dos outros acho que fica ruim”.

"Tinha mais camisas que o Pelé"

Já sobre as lembranças “materiais” dos tempos de atleta, Tinga afirmou que não se sentiu muito bem ao visitar uma espécie de memorial na casa de um ex-companheiro e preferiu não guardá-las. 

“Acho legal, mas depois todo mundo olhando aquilo e chorando… Decidi que não faria isso. Peguei tudo que tinha de camisa e medalha e leiloei tudo. A única coisa que tenho guardada é a medalha do Inter de 2006 (conquista da Libertadores), mas devo leiloar logo também para algum projeto social”, contou.

“E vou te falar: O Pelé fez mais de mil gols, mas duvido que tivesse mais camisas do que eu. Eu era fechamento com todos os roupeiros. Acabava o ano e o carro ficava lotado. Na Restinga (bairro de Porto Alegre onde Tinga nasceu), todo mundo tem camisa do Borussia Dortmund, do Cruzeiro, do Inter…”, completou. 

Passados sete anos da aposentadoria dos gramados, Tinga afirmou que “já superou este processo” e que hoje pode ter uma camisa ou bater uma bola tranquilamente. “Isso me ajudou muito. Não sei se serve para os outros. Não é uma regra, mas para mim foi importante. Eu não queria olhar essas coisas”, afirmou. 

Além de ter trabalhado como diretor do Cruzeiro após parar, Tinga leva conteúdo de gestão, liderança, trabalho em equipe e motivação como palestrante e criou o primeiro curso online direcionado para a formação de atletas. Ele ainda lançou o projeto 'Fome de Aprender' em meio à pandemia da Covid-19, dentre várias outras ações sociais. 

“O Denílson pode ouvir ‘pô você era muito bom, jogou muito’. Mas hoje pode ouvir ‘pô, como você é bom na TV, no podcast'… Você quer se sentir importante pelo que está fazendo hoje. É essa afirmação que nos mantém vivos. É legal ouvir isso da nossa carreira, mas ficou longe. Não é que eu me incomode. É um sentimento esquisito. Mas hoje sinceramente tenho mais prazer quando acaba uma palestra minha e o cara me fala ‘pô, Tinga, nunca tinha pensado desta forma’. Isso é um gol pra mim”, concluiu. 

O podcast Denílson Show é disponibilizado no YouTube, na Twitch e nas plataformas de podcast todas as segundas-feiras, às 20 horas, ao vivo, e contará com a participação de músicos, artistas e influenciadores. Assista à íntegra do episódio com Tinga abaixo: 

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