Já pensou em bater uma bolinha com o Pelé? E tomar um banho de piscina com o craque?
Antigamente era tranquilo demais chegar perto dos jogadores de futebol. Mesmo com o Rei. A não ser para uma mulher, numa época em que os homens dominavam completamente a imprensa esportiva.
Dan Sister: "Podia até entrar no vestiário. E às vezes você via algo que não podia ver, não é, Regiani?”
Regiani Ritter: Se olhasse, né? Se ficasse encarando? Mas verdadeiramente eu não olhava. Não era nada que eu não tivesse visto.
Foi-se o tempo em que até lateral da Seleção vinha falar depois de uma eliminação de Copa do Mundo, como o Branco em 1986.
Dentro da concentração, Reinaldo saía da Toca da Raposa e não passava direto.
O roupeiro abria as portas. Os jornalistas ficavam à beira do campo. Acabava o treino, era cada um por si. A rádio conversava com o Careca e reunia Bebeto, Mozer...
As estrelas estrelavam muito menos. Os Menudos do Morumbi, por exemplo, toparam dar um show particular para as câmeras da Band.
Dentro da concentração do Corinthians
No começo dos anos 1990, Wilson foi “Mano” demais e atacou de mensageiro, mostrando a concentração do Corinthians com Viola tocando samba, Ezequiel dormindo e a jogatina de Neto e companhia.
Mas o tempo passou, e conseguir gravar momentos como o Denílson sofrendo com fisioterapeuta ficou algo cada vez mais difícil.
Todo mundo que ganha o pão de cada dia nessa área chamada futebol luta muito para ganhar espaço. Durante décadas, o campo que o repórter esportivo tinha para trabalhar era grande. O jornalista estava sempre de cara para o gol. Mas de uns tempos para cá, a caminhada ficou bem mais difícil, e algumas barreiras surgiram no caminho.
O cenário que a gente atualmente vê nas mais diferentes telas é praticamente o mesmo: com tapadeiras atrás, coletiva depois do treino, coletiva depois do jogo, depois do treino, depois do jogo... E só um ou dois escolhidos pelo clube falam.
Em raras vezes, até rola uma entrevista exclusiva. Naturalmente, desde que a pauta seja aprovada pelo assessor de imprensa.
Como hoje, tudo vira motivo para ódio na internet. O próprio jogador está evitando se expor.
Como seria bom para o público que acompanha o noticiário e os jornalistas que os repórteres voltassem a ter aquela proximidade com os jogadores de futebol.