Pai do craque Endrick, de 17 anos, e do pequeno Noah, de 4 anos, Douglas Ramos, 48 anos, foi jogador de futebol de várzea, tentou seguir a carreira profissionalmente e fez parte da equipe de limpeza do Palmeiras para viabilizar a carreira do filho.
Ele e Cintia Ramos criaram o jogador do Real Madrid no bairro Vila Guaíra, em Valparaíso de Goiás, entorno do Distrito Federal, em uma casa em cima de um morro.
Melhorar a situação financeira da família pelo futebol era um objetivo de Endrick desde pequeno. Mas o atacante conta que, mesmo com as dificuldades, teve uma ótima infância por conta dos pais.
"Vão dizer que tudo foi 'dor e sofrimento'. Mas a verdade é que eu tive uma infância incrível, graças a Deus", contou Endrick em carta ao irmão mais novo publicada pela The Players' Tribune.
Além de Noah, Endrick também tem uma irmã mais velha, Lavínia, de 27 anos. A princípio, o atacante se mudou para São Paulo para tentar a carreira profissional somente com a mãe, enquanto Douglas ficou trabalhando em Brasília (DF), para mandar dinheiro.
Depois de alguns meses de treino de Endrick na Academia do Palmeiras, Douglas se juntou à família na capital paulista. Pediu ao clube um emprego e foi admitido na equipe de limpeza.
Começou catando lixo no estádio e, depois, foi promovido para limpar o vestiário do time titular. Endrick conta que, à época, o pai falava para os jogadores que o filho se juntaria a eles, um dia. O atacante começou a jogar profissionalmente no Palmeiras aos 15 anos.
Sonho de futebol
O jogador também acrescenta que o pai, na adolescência, saiu andando de Brasília a São Paulo, pra tentar peneiras nos times, mas não conseguiu.
Voltou e jogava na várzea na capital federal, onde Endrick teve seu primeiro contato com futebol
“Durante três gerações, ou talvez mais, a nossa família teve que perseguir o sonho do futebol, tentado mudar nossas condições. Mas agora você pode fazer o que você quiser”, escreve o atacante para Noah.
Perda de peso
Na época em que trabalhava no Palmeiras, Douglas perdeu muito peso por conta de perda dentária, que só o possibilitava comer alimentos macios ou líquidos.
O goleiro Jailson, então, organizou uma vaquinha para que ele pudesse colocar implantes.
"O pai costumava falar: 'meu sonho é morder uma maçã'. Hoje ele pode morder a comida que quiser", conta Endrick na carta.