Carisma, frases memoráveis e 'mão pesada' marcaram vida do boxeador Maguila

Ex-pugilista e campeão brasileiro de boxe morreu nesta quinta-feira (24)

Da redação

Morreu nesta quinta-feira (24) Adilson dos Santos Rodrigues, o Maguila, um dos maiores boxeadores da história do Brasil. O ex-pugilista enfrentava uma doença degenerativa há algum tempo, devido a pancadas sofridas em suas lutas.

Ao longo de 17 anos de carreira profissional (entre 1983 e 2000), Maguila se notabilizou pelo talento no ringue, com um desempenho impressionante: foram 85 lutas, 77 vitórias - sendo 61 nocautes -, sete derrotas e um empate técnico. Mas não para por aí. Além da ‘mão pesada’, o peso-pesado ganhou fama e virou um ícone do esporte brasileiro por causa de frases bem-humoradas.

"Onde a mão de peso pesado pega, onde a mão bate, não cresce cabelo" é uma das marcas conhecidas de Maguila.

Se o público nos ginásios o impressionava? Não necessariamente. “Eu fui pedreiro, erguia um muro em um dia só, com muita gente passando na rua. Então, você acha que eu vou me preocupar com quem paga para me olhar lutando?”.

Carreira internacional e lutas históricas

Sergipano de Aracaju, Adilson ‘Maguila’ Rodrigues iniciou a carreira profissional no boxe em fevereiro de 1983. Ele teve um início arrasador: foi campeão brasileiro em sua quarta luta e campeão sul-americano depois de 11 embates.

Anos depois, o brasileiro passou a enfrentar pugilistas norte-americanos, no intuito de enfrentar os melhores - à época, Mike Tyson era o grande nome da modalidade.

Vitória sobre James "Quebra Ossos" Smith. Em agosto de 1987, em SP, Maguila venceu o norte-americano James Smith no Ginásio do Ibirapuera. Ele teve o apoio do público na capital paulista e viu a carreira alavancar depois do sucesso internacional.

Derrota para Holyfield. Dois anos depois, em 1989, Maguila vivia o auge da carreira e 'parou o Brasil' para luta contra Evander Holyfield. Ele chegou em alta para enfrentar o norte-americano (18 vitórias consecutivas), mas não teve sucesso. Apesar do apelo nacional, ele sofreu um nocaute fulminante.

Derrota para George Foreman. Em 1990, Maguila novamente desafiou um norte-americano. Diante de "Big George", como Foreman era conhecido, outra derrota por nocaute. O pugilista acertou o famoso cruzado de esquerda no rosto do brasileiro faltando 30 segundos o fim do segundo assalto.

“Falar sobre o Foreman é pensar em cair de novo. Só em falar dele dá vontade de cair”, brincou Maguila, em entrevista ao ‘ge’ em 2020.

Homenagem de escola de samba

Popular no Brasil Maguila já foi tema de samba-enredo. Em 2021, a escola de samba virtual ‘Me Chama Que Eu Vou’ homenageou o ex-pugilista com o enredo “Pra que nunca se esqueça, Um abraço Maguila” (confira abaixo).

Trajetória de Maguila

Sergipano de Aracaju, Adilson 'Maguila' Rodrigues nasceu em 12 de junho de 1959. Foi o mais carismático dos pugilistas brasileiros. Pedreiro de ofício, deixou a terra natal para se dedicar ao boxe em São Paulo aos 17 anos.

Em 2008 trabalhava como professor de escolinha da modalidade mantida pela prefeitura de São Paulo localizada na região da rodovia Raposo Tavares.

Em 2011, já longe dos ringues, Maguila admitiu sofrer com os problemas do Mal de Alzheimer e também de diabetes.

Fã de Eder Jofre e Cassius Clay, constituiu carreira brilhante, embora muitos a contestem. Em 86 combates venceu 81, sendo 68 por nocaute. Perdeu cinco lutas, quatro por nocaute.

O folclórico sergipano contou muito com a ajuda do jornalista Luciano do Valle, cuja empresa Luqui promoveu e muito a sua carreira. Foi neste período que foram registrados os maiores combates de Maguila. Vitórias sobre James Quebra-Ossos Smith e Daniel Falconi e jornadas tristes como as derrotas para nomes históricos como George Foreman e Evander Holyfield. 

Mesmo assim, deixou o ringue com um currículo expressivo. Foi campeão brasileiro, sul-americano, latino-americano e mundial, este útimo pela pouca expressiva Federação Mundial de Boxe.

 Em 19 de janeiro de 2013, aos 54 anos, foi internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo para uma avaliação médica, segundo sua esposa, Irani Pinheiro.

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