O mundo do futebol, principalmente o palmeirense, se despediu nesta terça-feira do ex-zagueiro Antônio Carlos da Costa Gonçalves, o Tonhão, que morreu nesta terça-feira (22), aos 55 anos.
Símbolo mais de raça do que técnica com a camisa alviverde, o defensor se destacava pela força física, tanto que era praticamente um “guarda-costas” de Edmundo, e foi pivô de uma enorme crise entre a patrocinadora do Palmeiras nos anos 90 com as padarias paulistanas.
“Tonhão, Tonhão, Tonhão…”
Revelado na base do Palmeiras no fim da década de 80, Tonhão foi ganhar espaço no clube apenas em 1992, quando formou dupla “Tonhão e Toninho” no Palmeiras, ao lado de Toninho Cecílio.
Tonhão caiu no gosto da torcida pela raça e força física em campo, tendo o seu nome gritado após cada jogada por uma arquibancada sedenta por títulos após 16 anos de fila.
A taça não chegou naquele ano, o Palmeiras acabou perdendo o Campeonato Paulista para o São Paulo, mas tudo indicava que era apenas uma questão de tempo. Poucos meses depois de Tonhão virar titular do Palmeiras, o clube fechou uma parceria milionária com a multinacional Parmalat.
Guarda-costas de Edmundo e expulsão na final
Com a chegada da empresa, o Palmeiras contratou uma série de craques para reforçar o elenco em 93. Um deles era Edmundo, fenômeno do Vasco conhecido pelo grande talento e pavio curto.
Tonhão acabou ganhando a ingrata função de tentar acalmar o “Animal” quando ele decidia partir para a briga com os rivais, ação que quase o transformou em vilão no momento mais importante da carreira.
Na final do Paulista de 1993, o Palmeiras já vencia o Corinthians por 2 a 0 quando Tonhão cortou um passe na defesa, avançou para o ataque e deu um lindo passe em diagonal para Edmundo, que foi derrubado pelo goleiro Ronaldo Giovaneli.
O arqueiro corintiano, já expulso, tentou comprar briga com o camisa 7 palmeirense, para levá-lo junto para o vestiário. Tonhão notou a movimentação, e entrou se colocou entre o goleiro o atacante. Ronaldo aproveitou o gesto para simular uma agressão. Com isso, o zagueiro alviverde teve que ver o fim da fila do vestiário, demorando anos para perdoar o amigo Ronaldo.
Outra briga histórica de Edmundo que acabou sobrando para Tonhão ocorreu em 1994. O Animal decidiu enfrentar o time do São Paulo quase sozinho, e o zagueiro teve que mais uma vez tirar o colega da confusão, enquanto desferia pontapés também.
“Boicote” das padarias
A última grande polêmica de Tonhão no Palmeiras ocorreu em 1995. O Verdão venceu a Portuguesa por 2 a 1 no Canindé, mas o assunto do jogo não foi nenhum gol. Após o fim do jogo, o zagueiro trocou a camisa com um jogador da Portuguesa, mas cuspiu, limpou a chuteira e chutou o manto da Lusa, revoltando a comunidade portuguesa.
Luís Aiúca, conselheiro do Palmeiras diretor do Sindicado das Panificadoras de São Paulo, chegou a propôr um boicote das padarias paulistas aos produtos Parmalat, famosa pelos laticínios.
Por sorte, o “pingado” dos paulistanos acabou intacto. O presidente do sindicato era palmeirense, e o caso foi resolvido com um pedido de desculpas de Tonhão, apesar de o torcedor da Lusa nunca ter muito bem aceitado.
Adeus ao Palmeiras e último carrinho
Tonhão acabou deixando o Palmeiras no ano seguinte, tendo passagens em clubes como Athletico-PR, Internacional e Goiás antes de se aposentar em 2003.
O carinho do palmeirense pelo defensor continuou após a aposentadoria, com ele sempre aparecendo em partidas comemorativas com veteranos do clube.
A mais significativa ocorreu em 2012. O goleiro Marcos realizou um amistoso entre craques da Seleção Brasileira de 2002 e do Palmeiras da década de 90 para a sua despedida dos gramados. Em certo momento da partida, o atacante Edilson, odiado pelo palmeirense, recebeu no ataque. O zagueiro chegou ao seu estilo, de carrinho, derrubando bola e adversário.
Tonhão recebeu amarelo pelo lance, e os gritos de “Tonhão, Tonhão, Tonhão….” da torcida.
Os números de Tonhão pelo Palmeiras
- Jogos: 161
- Gols: 4
- Campeonato Paulista: 1993 e 1994
- Torneio Rio-São Paulo: 1993
- Campeonato Brasileiro: 1993 e 1994