Presidente da Fifa defende Copa no Catar: "Sinto-me gay, árabe e migrante"

Gianni Infantino criticou hipocrisia europeia e ‘lições de moral’ por escolha do país: ‘Injusto’

Do Catar, André Coutinho

O presidente da FIFA faz um discurso de mais de uma hora em defesa do Catar, diz que se sente gay, deficiente e catariano e fala que as pessoas podem tranquilamente ficar 3 horas sem beber cerveja.

Gianni Infantino afirmou que a Europa e o mundo ocidental devem olhar para o espelho antes de apontar o dedo para o Catar.

"Acho que o que nós, europeus, temos feito ao redor do mundo nos últimos três mil anos, devemos nos desculpar pelos próximos três mil anos antes de dar lições de moral às pessoas", disse o presidente da FIFA.

"Eu tenho sentimentos fortes. Hoje me sinto catariano; hoje me sinto árabe; hoje me sinto africano. Hoje me sinto gay, hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto um trabalhador migrante. Não preciso defender o Catar. Estou defendendo o futebol e a injustiça", continuou.

"Eu me sinto catari, árabe, africano, gay, com deficiência e eu sinto tudo isso. Quando eu vejo essas coisas e o que dizem eu lembro de histórias pessoais. Meus pais trabalharam muito difícil em situações diferentes, não no Qatar, mas na Suíça, e eu me lembro muito bem o que acontecia com os passaportes, com os exames médicos e condições em geral. Quando eu vim para Doha eu entendi que tinham coisas a melhorar e hoje eu posso dizer que o Qatar também evoluiu nisso", declarou o dirigente ao lembrar o bullying que sofreu na infância por ser ruivo.

Gianni Infantino revelou ainda que tentou até o último minuto negociar a permissão da venda de cerveja nos estádios e proximidades, mas que as pessoas podem tranquilamente ficar 3 horas sem beber.

O presidente da Fifa lembrou que países europeus, como França, Portugal e Alemanha, proíbem o consumo de álcool nos estádios e que nunca ninguém questionou.

O cartola ainda ressaltou que talvez a própria FIFA possa estar errada em relação à política de venda de cerveja nos estádios: "Talvez tenhamos de rever, não sei".

De Doha, no Catar, André Coutinho (Rádio BandNews FM)

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