Super Tetracampeão Mundial Unificado de Boxe, maior boxeador brasileiro em conquistas, Acelino Popó Freitas, aos 46 anos, disse em entrevista ao canal Band Jornalismo que tem tempo para mais duas grandes lutas depois do evento em que lutará com José Pelé Landi. O próximo confronto será em 25 de setembro, no Fight Music Show, na Arena da Baixada, em Curitiba.
Já no mês seguinte, em 29 de outubro, Popó vai lutar com Marcos “El Chino” Maidana, de 39 anos, ex-boxeador profissional argentino, que conquistou campeonatos mundiais em duas categorias de peso, incluindo o título superleve WBA de 2011 a 2012, e o título meio-médio WBA de 2013 a 2014.
“Eu tenho que fazer uma luta superinteligente com Pelé, não posso me machucar de jeito nenhum, que eu tenho um contrato para mais uma luta, depois de uma mês, nos Estados Unidos, contra o Chino Maidana”, destaca.
Apesar disso, Popó garante que fará uma luta severa com Pelé. “Não é que eu vou ficar correndo na luta. Se eu puder nocautear em um minuto, pode ter certeza que eu vou nocautear e acabou. ‘Ah, mas o cara tem 49 anos, não é do boxe”. Sim, desculpa, a mão pegou”, brinca.
Diferentemente do evento com Pelé, a luta com o argentino tem contrato de luta e vale como cartel. “Está no contrato como luta. Oito rounds de três minutos. A luva é uma onça maior [que a habitual no boxe profissional], são 12 onças (oz). A luta com Pelé também é com luva de 12 onças, só que com Pelé são oito rounds de dois minutos. Só que não está no contrato como apresentação, está como luta. Eu já venho treinando, esporadicamente, há mais de três anos eu treino todos os dias”, ressalta o campeão.
Essa seria a última luta de Popó, mas o boxeador revelou que outra pode acontecer em janeiro, contra Georges St. Pierre, de 41 anos, também conhecido como GSP, um ex-lutador canadense de MMA (Mix Marcial Arts) e ex-duplo campeão peso-médio do UFC (Ultimate Fighting Championship) e peso-meio-médio. GSP é considerado por diversas publicações como o maior lutador de MMA todos os tempos.
“Foi uma pessoa que me ligou, dos Estados Unidos até, que me propôs dizendo que eles estão tentando trazer esse evento para o Brasil em janeiro. ‘Se eu conseguir essa luta pra você, você topa?’. Eu falei ‘topo’. [Perguntei] qual o valor. Ele falou ‘tanto’. Eu falei ‘só luto por tanto’, ele topou. Agora estamos aguardando. Acho que tenho[tempo] para mais uma luta, acho que tenho esse tempo para depois da luta do Maidana”, destaca.
Na entrevista ao Band Jornalismo, Popó aproveitou para desfazer seu desafio lançado ao bicampeão peso-pena do UFC José Aldo.
“José Aldo vou até tirar do cardápio, depois dessa luta que ele fez [contra o georgiano Merab Dvalishvili] não luta nunca mais comigo. Nem ele pagando a minha bolsa eu não luto mais com ele. Que luta feia. O cara não batia, o cara não defendia, o cara não fazia uma esquiva, não fazia nada. Como é que vou lutar com um cara que não sabe fazer nada. Não sabe nem lutar. O cara sabia lutar, mas como é que o cara vai, para tentar reerguer o nome dele no UFC, no MMA, e faz uma luta horrível. Eu não vou dar uma moral para esse cara lutar comigo. José Aldo, esquece, esquece, depois dessa m* que você fez, esquece o desafio, viu? Você lutou uma porcaria”, provoca.
Depois de ser desafiado por Popó em janeiro estando impedido de aceitar por contrato do UFC, José Aldo disse em entrevista que Popó estava “gordo e barrigudo”, o que fez o boxeador mudar o tom até então.
Pelé Landi
Popó, o Mão de Pedra, é tetracampeão em duas categorias de boxe, super-pena e leve. Detém títulos internacionais nas quatro principais organizações de boxe do mundo, a WBO, WBA, WBC e IBF. É o brasileiro que mais conquistou títulos mundiais na história do boxe e voltou aos ringues neste ano, em luta de exibição com o humorista e influenciador digital Whindersson Nunes, em janeiro deste ano.
Agora, Pelé retorna ao Fight Music Show para enfrentar Pelé, com o diferencial de que desta vez seu oponente é campeão mundial de Vale Tudo - duas vezes no IVC, uma vez no WEF - e campeão de Kickboxing pela I.S.K.A, além de campeão brasileiro de Muay Thai.
Diferentemente do contrato do evento com Whindersson, o atual da luta de Popó com Pelé permite o nocaute. Ambos já disseram que, apesar de ser uma exibição, a luta será real.
Pelé Landi é ex-companheiro do maior vencedor da história do UFC Anderson Silva (10 defesas de cinturão e 16 vitórias consecutivas) na equipe Chute Boxe em Curitiba. Hoje ambos não se falam, após uma rivalidade histórica, e já foram apelidados de Goku e Vegeta, em referência aos personagens que foram antagonistas na franquia Dragon Ball Z.
“Pode virar o Goku, o Pokémon, que nada tira minha concentração”, disse Popó em referência aos estilos semelhantes de luta de Pelé e Anderson, que costumam brincar com adversários.
“Se ele vier brincando, pode ter certeza que eu não vou brincar, vou levar mais a sério. Se ele vier sério, vou levar mais a sério. Eu nunca brinquei, eu nunca rodei braço, aquela coisa toda. Meu boxe foi sério, sempre vai ser. Até contra Whindersson Nunes. A gente riu pouco, porque ele falou algumas coisas, estava engraçada a luta. Eu nunca ri em uma luta minha”, afirma Popó.
UFC na Band
Popó comemorou o anúncio da parceria da Band com o UFC, com 12 eventos agendados para transmissão em TV aberta em 2023. O boxeador foi deputado federal entre 2011 e 2014 e, entre outras coisas, trabalhou incansavelmente pela regulamentação do MMA junto ao Poder Executivo e atuou contra o veto das artes marciais mistas na TV.
“Em termos de inclusão social é perfeito. Muita gente não acesso aos canais fechados. Tem muita gente que não tem TV digital, que tem UHF em casa, com aquela antena e tudo. É uma oportunidade para a galera ver os novos ídolos, querer ser também. Ouvir também as histórias dos ídolos brasileiros que vieram lá de baixo e pensa ‘eu moro aqui na roça, esse cara morou na roça e conquistou, por que eu não posso?’. É uma forma de chegar a algumas casas que a TV fechada não entra, não chega”, lamenta.
O lutador ressaltou sua relação afetiva com a Band, cujas transmissões lhe ajudaram na carreira. “Minha primeira luta ao vivo foi pela Bandeirantes, em 1993. Depois fiz uma luta profissional na Band em 1995, na preliminar de [Reginaldo] Hollifield aqui em Salvador. Em 1997 fiz minha primeira luta ‘top’ na Band, lá em Tijuana, com nosso saudoso Luciano do Valle fazendo a narração”, lembra.
Nova geração do boxe
Na entrevista, Popó fez críticas ao mercado da luta no Brasil e ressaltou a qualidade da nova geração de boxeadores, os já consagrados Robson Conceição, o primeiro ouro olímpico do boxe brasileiro, além de Beatriz Ferreira e Hebert Conceição.
Para ele, entretanto, o “novo Popó” pode ser Ruan Pablo, mais conhecido como Popózinho, de apenas 19 anos, que venceu o campeonato paulista e o campeonato brasileiro de boxe peso mosca. “Se não passar muito tarde, está com 19 anos, acho que pega as próximas olimpíadas. Depois vamos ver com quem ele passa para o profissional. Tem que ver também com quem [empresário e treinador] passa para profissional”, pondera.
Popó fez observações sobre a carreira do campeão olímpico Hebert Conceição, que vai disputar o cinturão no mundial de boxe WBC, e está sendo agenciado pela mesma equipe que ele. Em 2001, Popó rompeu seu contrato com a empresa Oficina de Ideias, que gerenciava sua carreira, por que estava ganhando pouco. "Eu ganhava 25% e eles (a empresa e o treinador Luiz Dórea) ficavam com 75%", contou, achando que vinha sendo enganado.
“Eu vi aí que o Hebert passou para profissional. O [Luiz] Dória é um grande treinador, foi meu treinador também e ele passou para com Dória como treinador. Eu tiro meu chapéu pro Dória, é um dos grandes lutadores aqui, tenho uma grande admiração. Aí quando eu olho o Hebert com foto com meu ex-empresário, com os caras que levavam 75% que eu sabia. Como é que pode? Tem um treinador bala, tem tudo bala, sabe que eu fui sujeitado a isso, que o cara se aproveitava da situação, todo mundo sabe e aí o cara leva pro lado dele um lado negativo, eu acho que já começou mal como profissional. Mas começou bem nocauteando, que a luta dele na semana passada foi nocaute no segundo round. Mas vamos ver. Ele disse que está tudo no papel, tudo bonitinho, mas o meu também era tudo no papel, e por trás as pessoas faziam essas besteiras”, critica.
Popó também criticou o mercado de maneira geral. “No mercado brasileiro, na verdade, se pensassem em fazer a carreira do atleta e depois fazer dinheiro, aí tudo bem. Mas primeiro pensam em fazer dinheiro para depois fazer a carreira do atleta. Tem alguns eventos de boxe no Brasil que o atleta está indo lutar e está pagando a bolsa dele. Tem que arrumar patrocínio para pagar a própria bolsa, senão não tem luta. O atleta de boxe que pagar a bolsa dele ainda pagar a bolsa do cara que vai lutar com ele”, protesta.