Quando Cuca chegou ao Santos, no início de agosto de 2020, o clube já enfrentava grave crise financeira e política. Além dos salários atrasados, o Peixe sequer podia contratar reforços por causa de uma punição da Fifa, imposta justamente por dívidas com outros clubes. O técnico evitou reclamar da situação e acabou levando o Santos à final da Libertadores, situação que contraria a lógica, conforme o próprio treinador afirma.
“O normal no futebol é o time que é estruturado, que tem os pagamentos em dia, com maior investimento, ganhar. Nós estamos sendo um contraponto”, disse Cuca em entrevista a Guilherme Cimatti e João Paulo Cappellanes na Rádio Bandeirantes.
O ato mais recente do “milagre” santista aconteceu na última quarta-feira, 13, com a vitória por 3 a 0 sobre o Boca Juniors na Vila Belmiro.
O técnico admite que já sabia da crise quando chegou à Vila Belmiro, e que, portanto, não pode se queixar. Mas crê que um dia o grupo vai receber os atrasados. “É uma poupança”, afirma. “Uma hora a gente vai receber, não vamos ficar se queixando disso. Vamos preparar o espírito para as competições”, declarou.
Religioso – e supersticioso –, Cuca lança mão de um ditado para manter a fé e explicar como as dificuldades ajudaram, por exemplo, a revelar jovens jogadores. Sem poder contratar, o técnico teve que usar a base, e aí nomes como Kaio Jorge e Sandry apareceram bem.
“Tem um ditado que tenho comigo sempre: ‘tudo que Deus faz é bom. A gente tem que acreditar que as cosias são obras de Deus. Se eu não posso contratar, tenho que buscar os guris. Se eu pudesse contratar, eles não teriam tantas oportunidades”, afirmou.
E por falar em fé, Cuca já adiantou que usará na final contra o Palmeiras, no próximo dia 30, no Maracanã, a mesma camisa com a imagem de Nossa Senhora estampada que tem vestido em outros jogos.
Ouça a entrevista na íntegra: