Abel Ferreira é o treinador mais longevo do futebol brasileiro, e o desejo da diretoria do Palmeiras é que o português siga por bastante tempo no cargo. Nos últimos dias, no entanto, uma ação do Al Sadd na Fifa, alegando que Abel assinou um pré-contrato com o clube catari no ano passado e não se apresentou para trabalhar, deixou os palmeirenses preocupados: afinal, o Alviverde corre o risco de perder o técnico por causa do processo?
O Al Sadd diz que Abel Ferreira teria assinado um ‘documento vinculante’ em 15 de novembro de 2023. Como ele não se apresentou para trabalhar no dia que teria sido combinado, em dezembro do ano passado, o clube catari acionou a Fifa e agora cobra 5 milhões de euros (R$ 28 milhões).
Em entrevista ao blog “Lei em Campo”, de Andrei Kampff, o advogado Carlos Henrique Ramos, especialista em direito desportivo, diz que o Palmeiras só correria risco de ficar sem o treinador caso ele perca o processo e o valor fixado de 5 milhões de euros (R$ 28 milhões) não seja pago. Neste cenário, Abel Ferreira poderá ser impedido de atuar por até seis meses.
“Partindo do pressuposto de que efetivamente houve a assinatura do pré-contrato do técnico Abel Ferreira com o clube árabe, com o compromisso de assumir o comando técnico no mês seguinte, a questão ingressa no terreno do inadimplemento contratual. Um dos complicadores adicionais da situação é o de que o treinador ainda tinha um contrato em vigor com o Palmeiras até o final de 2024 [posteriormente renovado até 2025]. (...) O cenário comportaria necessariamente algum rompimento contratual”, disse Carlos Henrique Ramos ao blog “Lei em Campo”.
“Como o treinador teria optado por romper com o clube árabe, seria devida uma compensação financeira ou indenização ao mesmo. Caso os valores eventualmente fixados pela Fifa não sejam pagos, o treinador poderá ser punido com a restrição de não atuar pelo período máximo de seis meses", explicou o advogado.
Considerado um dos principais técnicos em atividade no Brasil, Abel Ferreira de fato cogitou deixar o Palmeiras na temporada passada. Publicamente, o treinador disse que estava cansado da maratona de jogos no país e que precisava pensar sobre o futuro. Leila Pereira, presidente do Verdão, e a família do jogador, adaptada ao Brasil, foram determinantes para a continuidade.
Durante esta fase de incertezas, o treinador ficou em evidência. Segundo dados do Google Trends, o início de dezembro de 2023 é o período de maior popularidade de Abel Ferreira entre os brasileiros (recorte dos últimos cinco anos). Nem mesmo quando ele foi contratado pelo Verdão, em outubro de 2020, ou nas conquistas seguidas da Libertadores, houve tanto interesse em relação ao nome do comandante (veja o gráfico abaixo).
O gráfico do Trends também mostra que Abel era desconhecido no Brasil antes de assinar com o Verdão. Ele não tem registro de buscas no país de setembro de 2020 para trás.
“Estou onde eu quero estar, estou onde querem que eu esteja. Eu gostaria de dizer muito mais do que eu disse aqui, gostaria de dizer sinceramente, como vai na alma e no coração, porque muita coisa foi dita, não só agora, mas nos últimos meses do ano passado, e eu sempre disse o mesmo: eu sou o treinador do Palmeiras, estou aqui com muito orgulho. Não vou falar mais desse assunto, bateram muito nessa tecla nos últimos meses, e hoje continuo aqui. Se tudo correr normalmente, até 2025, que é quando eu tenho contrato. E volto a dizer, sobre esse assunto eu não falo mais. Essa é a única verdade, essa é a única certeza. Eu sou treinador do Palmeiras, e com muito orgulho. E por falar sobre isso, aos nossos torcedores, muito obrigado de coração. Muito obrigado pelo apoio e carinho. Não falo mais sobre esse assunto”, disse o técnico.