Thiago Carpini teve uma ‘semana perfeita’ em seu início de trabalho no São Paulo. O técnico viu o clube quebrar o jejum e vencer o rival Corinthians em Itaquera, e, no último domingo, o Tricolor superou o Palmeiras e conquistou a Supercopa do Rei (4 a 2 nos pênaltis depois de 0 a 0 no tempo normal).
Em entrevista exclusiva ao Os Donos da Bola, o treinador de 39 anos falou sobre a relação com o elenco são-paulino neste início de trabalho.
“Foi muito especial [o título], vai ficar marcado na minha vida. Primeiro título à frente de um clube deste tamanho, a primeira vez a gente nunca esquece. Esses momentos marcam a nossa vida. Em pouco tempo, eu me senti muito abraçado por esses caras, eu encontrei um ambiente leve, de muito respeito e competitividade. Existe um respeito muito grande. Esse grupo é fantástico, me senti muito à vontade e parece que estou no São Paulo há muito tempo. Nosso ambiente é muito bom, se constituiu uma família e acho que isso pode ser o nosso diferencial para a temporada”, afirmou Thiago Carpini.
Em seguida, o técnico também falou sobre a relação com o Muricy Ramalho, coordenador técnico do clube. Segundo Carpini, o veterano tem o ajudado bastante no dia a dia.
“O Muricy me adotou, agora vai ter que me aguentar (risos). Não seria nem inteligente da minha parte ter um multicampeão do meu lado, com o peso do Muricy e eu não extrair o máximo. Ele respeita muito, então eu procuro ele, chamo para conversarmos, tomar um café. Tem sido uma relação fantástica, espero extrair o máximo. Claro que tenho ideias e convicções, mas ele tem muita história, história no clube. O convívio com ele tem sido um privilégio”, disse.
Outras respostas de Carpini
Lesão de Lucas Moura
"O São Paulo tem um dos melhores elencos do país. Jamais vou vir falar que temos o melhor elenco, muito menos o pior quando tivermos em um momento de dificuldade. Perdemos o Lucas, que fez o possível para estar em campo, mas não se sentiu seguro. No jogo contra o Corinthians mesmo ele jogou em condições que só um atleta muito compromisso faria. Ele é um pilar do nosso dia a dia. Por outro lado, temos um elenco forte, qualificado. Outros atletas tiveram oportunidade, estamos recuperando alguns nomes que não tiveram muitas chances no ano passado."
Rafinha no sacrifício
“Vale ressaltar o que foi o Rafinha. Ele não tinha condições de estar em campo, um pouco menos grave que o Lucas, mas o Rafinha jogou 50, 60 minutos na superação, no limite, querendo fazer história. É um cara que ganhou tudo, mas sabia da importância que era esse título para o São Paulo, para eles, para a continuidade do trabalho. Me sinto privilegiado de treinar esses caras.”
Penalidades contra o Palmeiras
"A gente treinou muito. Depois do clássico contra o Corinthians, todos os dias a gente repetiu uma sequência de batidas. Eu gosto do futebol moderno, a gente precisa acompanhar a evolução das coisas, mas por mais que a gente faça um controle de quem bateu melhor, quem bateu pior, na hora do jogo eu prefiro que não passe essas informações para o grupo. É um momento muito particular, é o momento do jogo, a confiança do atleta. Às vezes você passa para o atleta que o goleiro pega mais pênaltis do lado direito e esse lado é a bola de segurança do cara. Deixa ele ir lá, bater e tomar a decisão dele. Na hora do pênalti é autonomia, o equilíbrio emocional, fazer o que precisa ser feito com capacidade."
Nikão de titular no clássico
"Eu não desisto das pessoas, não gosto de um ambiente onde as pessoas não se sintam desrespeitados. A partir do momento que cheguei, não quis saber o que tinha acontecido para trás e quis ajudar [o Nikão]. Ele quis ser ajudado, isso foi um diferencial, e vai contribuir bastante na temporada. Sobre a escolha por ele: eu já sofri um pouco com essa dobra do Rocha e do Mayke. Então a ideia de ter o Nikão aberto ali foi para dar uma profundidade. O Galoppo atua mais como um meia, que vem para o dentro. Ele teve um desempenho bom, deu um bom passe para o Luciano, quase fez o gol."
Tomar decisões no São Paulo
"Em um clube desse tamanho, a gente toma decisões todos os dias. E todas as decisões num São Paulo tem peso maiores, seja para o lado positivo ou negativo. Mas a gente tem uma relação de muito respeito com os atletas, neste início ainda que optamos em rodar o elenco para controlar a carga, revezar. O atleta fica incomodado quando fica fora, ele quer jogar sempre. Mas temos um elenco muito maduro, eles entendem e respeitam muito as decisões. Então decisões já foram várias, mas problemas nenhum."
Início de 2024
"Quando acabou o ano de 2023, eu conversei com a família, com pessoas próximas que foi um ano fantástico. Foram dois vice-campeonatos, mas que valeram quase como um título pelo que representaram para Juventude e Água Santa. Surgiu essa grande oportunidade no São Paulo e o ano começou melhor do que eu esperava. E o início foi mais do que o esperado, uma semana importantíssima, vencer dois clássicos com essa representatividade. O ano começa a ser planejado de agora em diante, sempre com os pés no chão. Eu poderia estar aqui, se os resultados da semana não fossem tão bons, com outro discurso. Vamos viver jogo a jogo, competição a competição. E assim vamos consolidar nosso trabalho e nossas ideias."