Dispensado pelo Cruzeiro após Ronaldo Fenômeno assumir o controle do clube celeste, Alexandre Mattos disse não ter qualquer mágoa do ex-jogador e inclusive defendeu o enxugamento de gastos que a nova diretoria se propõe a fazer, agora sob o modelo de sociedade anônima, ou SAF.
“Sobre a questão da SAF, é importante entender que temos uma barreira cultural do futebol brasileiro com a qual torcida e imprensa vão precisar saber lidar. A partir do momento em que o clube tem um dono, este dono vai colocar quem ele confia. Foi o caso do Ronaldo com o Paulo André (diretor de futebol)”, explicou, em entrevista ao programa Os Donos da Bola.
“Não importa se a pessoa serve ou não serve. O dono vai pagar para quem ele confia. Neste cenário saímos eu, o Vanderlei Luxemburgo e o Belletti, referências de um projeto anterior. É preciso entender”, completou o dirigente.
Mattos faria parte da diretoria do presidente Sérgio Santos Rodrigues em 2022 e já trabalhava na busca por reforços. “O que o Ronaldo busca é diferente do que o ex-presidente buscava. Ele já estava há dois anos no clube, sofrendo muito, e queria uma subida imediata. Achou um investidor que garantiria uma folha para mim e para o Luxemburgo montarmos uma equipe dentro daquele orçamento para subir imediatamente neste ano”, disse o dirigente.
“O Ronaldo chega claramente com um outro pensamento, que é fazer tudo de maneira calma, tranquila e organizada e que eu inclusive vejo como o correto. Mas é preciso ver se isso vai causar um choque de realidade com o que a torcida e a imprensa exigem, aquela história de não poder esperar”, completou.
Segundo Mattos, tentativas parecidas no futebol brasileiro como a Hicks Muse (Corinthians e Cruzeiro) e ISL (Flamengo) não deram certo por causa do “imediatismo”. “Gestão e processos são o caminho para um clube conseguir objetivos e conquistas. Para isso precisa de tempo. O Palmeiras está no topo porque há seis ou sete anos se organizou. O Flamengo desde 2013 fez a mesma coisa”, argumentou.
O dirigente ainda revelou que não pensa em trabalhar neste ano após deixar o Cruzeiro. “Tive propostas do Brasil, um ou outro convite de fora, mas preciso respirar, me cuidar e inclusive estou fazendo alguns cursos”, concluiu.