Quem são as boxeadoras em Paris-2024 expulsas de campeonato por motivo de gênero

Imane Khelif e Lin Yu-ting foram tiradas de competição de boxe por "vantagens competitivas"; Associação Internacional de Boxe não detalha testes realizados

Lin Yu-Ting e Imane Khelif, boxeadoras expulsas de mundial por "vantagens competitivas"
Reprodução/Redes sociais

As boxeadoras Imane Khelif, da Argélia, e Lin Yu-ting, de Taiwan já haviam participado das Olimpíadas de Tóquio em 2020 e não levaram medalha para casa, mas isso não impediu investigação do público desde terça-feira (30) sobre o gênero das duas mulheres que estão em Paris-2024. Nenhuma delas se identifica como transgênero ou intersexo.

Nesta quinta-feira (1), Khelif lutou contra a italiana Angela Carini, que abandou a luta pelo que ela apontou como uma dor muito forte no nariz após 46 segundos de disputa. 

O fim da luta trouxe à tona a expulsão da argelina e da taiwanesa no Campeonato Mundial Feminino em março do ano passado por apresentarem "vantagens competitivas sobre as outras participantes", de acordo com a Associação Internacional de Boxe (AIB). 

Críticos da participação das duas nos Jogos deste ano afirmam que elas são "homens", mas a associação não revela quais foram os testes que mostraram as vantagens das duas. A organização aponta somente que não foram de níveis de testosterona.  

"Foram submetidas a um teste separado e reconhecido, cujos detalhes permanecem confidenciais", afirma a AIB em nota desta quarta-feira (31).

Em resposta à polêmica, o Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmou que todas as competidoras na categoria feminina estão participando por terem preenchido requisitos e regras.

“Todos os atletas participantes do torneio de boxe dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 cumprem com os regulamentos de elegibilidade e inscrição da competição, bem como todos os regulamentos médicos aplicáveis”, afirmaram.

Declaração de "cromossomo XY" não teve alvo específico

À época da expulsão, o presidente da organização, Ulmar Kremlev, afirmou que atletas foram tirados do campeonato porque "tinham cromossomos XY", sem especificar nomes.  

"Com base nos resultados dos exames de DNA, identificamos vários atletas que tentaram enganar os colegas e se fingiram de mulheres", disse para a agência de notícias russa Tass.

COI x AIB

Em junho de 2022, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tirou o poder da AIB de organizar as classificatórias para Paris-2024. 

O motivo foi "preocupações muito grandes com a governança, além de sistemas de arbitragem e avaliação da associação".  

Inclusive, em meio aos problemas entre os dois órgãos, o boxe ainda não foi confirmado como uma das modalidades da próxima edição das Olimpíadas, Los Angeles-2028.

Imane Khelif

Aos 25 anos e falante de árabe e francês, a argelina que compete na categoria até 66 kg começou a lutar boxe depois de assistir ao esporte nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. 

Sua estreia em Olimpíadas foi em Tóquio 2020, quando chegou às quartas de final na divisão leve (60 kg).

Apesar de ter que viajar 10 quilômetros de ônibus de sua pequena vila até a academia de boxe, ela se apaixonou pelo esporte em seu primeiro dia de treinamento. 

Para pagar a passagem de ônibus, ela vendia sucata para reciclagem e sua mãe vendia cuscuz marroquino.

Seu herói é o boxeador Muhammad Ali, campeão olímpico de 1960 (peso meio-pesado) e considerado uma das figuras esportivas mais significativas do século XX.

Lin Yu-ting

Com 28 anos, a taiwanesa que compete na categoria até 57 kg nesta sexta-feira (2) começou no boxe com 12 anos, na escola.  

O motivo foi, além de amar esportes, financeiro: ela queria conquistar prêmios para ajudar sua família, de três irmãos. 

Primeiro tentou atletismo e, ao não conseguir bons resultados, mudou para o boxe.

Fez sua estreia olímpica em Tóquio 2020, onde perdeu nas oitavas de final do peso-pena para Nesthy Petecio (PHI). 

Foi três vezes medalhista em campeonatos mundiais: ouro no peso-galo 2018, ouro no peso-pena 2022 e bronze no peso-pena 2019.

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