Paixão pelo tênis de mesa já uniu as duas Coreias para derrubar domínio chinês

Nações divididas desde 1948, elas jogaram com bandeira unificada mundial em 1991

Da Redação

Torcida sul-coreana no tênis de mesa em Paris
REUTERS/Kim Hong-Ji

Um território dividido ao meio com ataques vindos de um lado para o outro. Horrível no cenário da política mundial, emocionante quando é no esporte.  

Se por acaso você está acompanhando o tênis de mesa nos jogos olímpicos de Paris, já deu para notar que o esporte tem uma longa tradição asiática. A disputa pela bolinha branca é tão valorizada no continente que já motivou a união das duas Coreias, que vivem um dos conflitos mais longos do planeta.  

Separados pela política, unidos pela raquete

As Coreias estão separadas desde 1948, com o Norte comunista se opondo ao sul capitalista. Mas em 1991 o país desfilou sob uma única bandeira. Os países decidiram criar uma seleção unificada no mundial de tênis de mesa daquele ano para derrubar o domínio chinês na competição.  

Os vizinhos asiáticos de longe eram as maiores potências da região, principalmente na equipe feminina. A China havia conquistado cinco vezes consecutivas o mundial da modalidade. Muito por causa de Yaping Deng, uma das maiores jogadoras na história do esporte.  

Mas as Coreias notaram que podiam superar o império chinês caso confiassem na força dos números. Pelo Sul, Jung-hwa Hyun foi fundamental para a dupla feminina conquistar o ouro nas duplas contra a China nos Jogos de Seul em 1988, pelo lado Norte, Bun-hui Li foi uma das principais mesa-tenistas da década de 80. Completaram o time Cha-ok Hong e Sun-bok Yu.

Segundo um membro que participou das negociações, foram necessárias 22 duas reuniões no espaço de cinco meses para que o acordo de união fosse aprovado. A equipe usou a bandeira da Coreia Unificada durante o evento, um fundo branco com o mapa do país unido. Para evitar polêmicas, o hino tocado foi uma canção popular conhecida dos dois lados da zona desmilitarizada.  

A aposta deu certo: a Coreia acabou encerrando o domínio chinês na mesa. O placar da decisão foi 3 a 2. No fim, quem foi fundamental para o título foi Sun-bok Yu, que bateu Deng na disputa individual e Jun Gao na última disputa.  

Outras uniões  

O título causou um frenesi nas duas Coreias, motivando outras iniciativas semelhantes. Naquele ano mesmo, a Coreia unificada jogou no Mundial Sub-20 de futebol.  

As Coreias voltaram a se juntar em 2018. Ela jogou novamente com a bandeira unificada no mundial de tênis de mesa daquele ano, na equipe de hóquei nos Jogos de Inverno, no Aberto da Coreia(torneio internacional de tênis de mesa organizado na Coreia do Sul), nos Jogos Asiáticos e no Mundial de Handball do ano seguinte.  

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