Quando Marcus D'Almeida começou a praticar tiro com arco, a mãe dele ouviu um deboche: "Seu filho vai ser índio?". Em poucos anos Marcus virou um dos melhores atletas do mundo nesse esporte. E de fato ele já atirou junto com indígenas. Agora está em busca de uma medalha olímpica em Paris.
Nascido no Rio de Janeiro, Marcus D'Almeida é vascaíno desde a infância. "Na minha família só tem a opção de ser vascaíno. Acompanho o Vasco, vou ao estádio e gosto de futebol", disse ele em entrevista ao Sportv recentemente.
Quando Marcus tinha 12 anos, foi apresentado ao tiro com arco, por incentivo da mãe. Começou a treinar na Lagoa de Maricá em 2010 e rapidamente se destacou. Passou a integrar a seleção brasileira e, em 2014, já teve um resultado histórico: chegou em segundo lugar na Copa do Mundo de Tiro com Arco.
Foi apenas o começo de uma carreira vitoriosa, com medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude, nos Jogos Pan-Americanos e no Campeonato Mundial.
Jogos Indígenas
Em 2015, durante os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, Marcus foi convidado para participar de uma atividade de exibição com Timbira, atleta de arco e flecha da tribo Pataxó.
Os dois trocaram os equipamentos e dispararam flechas. Marcus comentou que "a pegada é diferente" no equipamento indígena e valorizou a oportunidade.
"Sempre gostei de aprender novas culturas. A cultura indígena me fascina. Acho que a gente tem muita coisa para aprender com os indígenas", disse ele em entrevista à TV Brasil.
Auge
O auge de Marcus aconteceu em 2023, com medalhas de ouro na Copa do Mundo e no Mundial. Virou o número 1 do ranking de tiro com arco, um ano antes da Olimpíada.
Porém, os Jogos Olímpicos têm sido um problema para ele. Em 2016, no Rio de Janeiro, perdeu na primeira fase. Em Tóquio, caiu nas oitavas de final.
Agora, em Paris, não começou tão bem: ficou em 17º lugar no ranqueamento, que é a primeira fase da disputa. Com isso ficou definido que ele enfrentará o ucraniano Mykhailo Usach no primeiro duelo olímpico.
Marcus tentou demonstrar tranquilidade com o resultado: "Saio bem daqui. Tem quase uma semana até o mata-mata. É acertar os pequenos detalhes. Teve muita flecha de alto e baixo. Talvez devo me atentar um pouco mais nesse alto e baixo, no vento. Talvez tentar algum acerto no arco também. Não sei se vou fazer isso. Ainda não pensei".