A IBA (Associação Internacional de Boxe) anunciou que vai pagar um prêmio de "campeã olímpica" para atletas que perderem duas lutas polêmicas em Paris. A decisão tem relação com uma disputa política entre IBA e COI (Comitê Olímpico Internacional).
No ano passado, a IBA expulsou as boxeadoras Imane Khelif, da Argélia, e Lin Yu-ting, de Taiwan, por questões de gênero. Ambas não se identificam como transgênero ou intersexo, mas já foram descritas assim.
A IBA alega que exames das duas atletas apontaram que ambas possuem "vantagens competitivas sobre as outras participantes", sem mencionar mais detalhes. Umar Kremlev, presidente da entidade, afirma que Imane e Lin possuem cromossomos XY, que normalmente são encontrados em homens. Mas ele sequer comprovou isso. E o fator genético não significaria necessariamente que elas são trans.
Por causa de diversas outras polêmicas envolvendo a IBA, o COI assumiu a organização do boxe na Olimpíada e seguiu as próprias regras para definir quem poderia lutar. Então Imane e Lin foram liberadas para disputar a Olimpíada.
Na Olimpíada, Imane enfrentou a italiana Angela Carini, que desistiu da luta após sentir fortes dores no nariz. E Sitora Turdibekova foi superada por Lin. As duas atletas derrotadas receberão prêmio da IBA, como se fossem "campeãs olímpicas", em uma clara afronta ao COI.
"Eu não conseguia olhar para as lágrimas dela. Não sou indiferente a tais situações e posso garantir que protegeremos cada boxeador. Não entendo por que eles matam o boxe feminino. Apenas atletas elegíveis devem competir no ringue por uma questão de segurança", afirmou Kremlev, presidente da IBA.
A premiação total será de 100 mil dólares (R$ 573 mil), sendo metade para a atleta, 25 mil para a federação do país e 25 mil para o técnico dela.