Com o fim da Olimpíada de Paris, o mundo já começa a pensar nos Jogos de Los Angeles, em 2028. Entre as muitas modalidades devem integrar o programa em LA, choca a dúvida sobre uma: o boxe.
Símbolo da cultura norte-americana e uma das mais tradicionais modalidades olímpicas, o esporte não é presença confirmada na próxima edição do torneio.
A incerteza e fruto de uma guerra do Comitê Olímpico Internacional (COI) com a federação que regulamenta o esporte ao redor do mundo.
Corrupção, polêmicas e acusações
Tradicionalmente, a federações atléticas de cada esporte tem papel fundamental na organização dos torneios olímpicos. Isso não foi o caso do boxe nos Jogos de Tóquio e Paris. O próprio COI organizou as competições nas duas edições.
A postura foi tomada devido às acusações de corrupção e má gerência envolvendo a Associação Internacional de Boxe (IBA, na sigla em inglês), que tradicionalmente regulamentou o boxe amador ao redor do mundo.
O COI acusa a organização de má gerência desde 2017. Um mês depois, o presidente da entidade, Wu Ching-kuo, deixou o posto. No seu lugar entrou o uzbeque Gafur Rakhimov, ligado ao governo russo e com acusações de ter relações com o crime organizado.
Dado o caos envolvendo a entidade, que chegou até a mudar de nome neste período. O COI assumiu o controle da gestão do boxe em Tóquio e Paris, inclusive organizando os torneio pré-olímpicos. A IBA, por sua vez, foi banida pelo COI em 2023.
Fora de 2028?
A questão é que o COI não pretende assumir a mesma postura em Los Angeles. O boxe só deve estar no programa se alguma entidade assumir a sua organização.
Federações dissidentes criaram a World Boxing, uma federação dissidente que planeja assumir o controle do boxe amador mundial. O COI afirmou que estuda dar o controle para a World Boxing caso ela consiga juntar ao menos 50 federações sob a sua tutela.
Para que o boxe seja garantido em Los Angeles, isso precisa ser feito até o meio de 2025, segundo o COI.
Polêmicas com boxeadoras
A certeza é que não será a IBA em 2028. Exemplo disso ocorreu nos Jogos de Paris. A entidade foi responsável pela maior polêmica da competição ao acusar as boxeadoras Imane Khelif, da Argélia, e Lin Yu-ting, de Taiwan, de não serem mulheres e estarem participando da competição feminina.
As duas foram banidas do campeonato mundial de 2023 por apresentarem "vantagens competitivas sobre as outras participantes", de acordo com associação. Questionada sobre o motivo de ter tomado a decisão, a IAB não mostrou nenhuma prova substancial, apenas citou baniu atletas “que tinham cromossomos XY".
As duas, que já haviam participado dos Jogos de Tóquio, foram mantidas na competição. O COI afirma que o passaporte de ambas afirma que elas são mulheres e foram criadas como tal, sendo que “testes de feminilidade” usados são ultrapassados e constrangedores.
Impacto para o Brasil
Caso o boxe deixe o programa olímpico, o Brasil corre o risco de perder uma grande fonte de medalhas. Ao todo, nove atletas do país já subiram no pódio por causa da modalidade, a oitava que deu mais medalhas para o país. Em Paris, Bia Ferreira conquistou o bronze na modalidade.