Entenda as notas que tiraram a medalha de ouro de Tati Weston-Webb

Brasileira perdeu a final do surfe feminino por menos de dois décimos

Por Allan Brito

Entenda as notas que tiraram a medalha de ouro de Tati Weston-Webb
Tati Weston-Webb com a medalha de prata do surfe feminino na Olimpíada 2024
William Lucas/COB

Quando a final do surfe feminino estava perto de acabar, a brasileira Tati Weston-Webb pegou uma última onda e quase conseguiu ser campeã olímpica. Ela precisava de uma nota 4.7, mas ficou com 4.5 e acabou com a medalha de prata. É uma conquista histórica, a primeira do surfe feminino brasileiro, mas quase foi ainda melhor.

Como a nota foi decidida?

A final do surfe feminino tinha cinco juízes dando notas: o brasileiro Luiz Dantas; o japonês Tatsuya Fukagawa, o americano Tory Gilkerson, o francês Thierry Vidal e o espanhol Mikel Zalacain.

Todos dão notas, mas duas são descartadas: a nota mais alta e a nota mais baixa. Veja a pontuação que cada um deu para a última onda surfada por Tati Weston-Webb:

Luiz Dantas (BRA): 5.5
Tatsuya Fukagawa (JAP): 3.8
Tory Gilkerson (EUA): 4,5
Thierry Vidal (FRA): 5.0
Mikel Zalacain (ESP): 4.0

Portanto as notas de Luiz e Tatsuya foram descartadas. As outras 3 notas foram somadas e dividas por 3, para resultar em uma média. Neste caso a média foi 4,5.

Tati somou esse 4.50 com 5.83 de outra onda e terminou com 10.33. Já a americana Caroline Marks ficou com 10.50 no total.

Como é o critério?

Marks ganhou uma nota 7.5 no começo da grande final. Depois essa onda foi comparada com a última onda surfada por Tati. Alguns entenderam que a brasileira merecia uma nota parecida com aquela da americana.

Mas existe uma diferença de critério importante: no Taiti, onde aconteceu a disputa do surfe olímpico, os juízes costumam dar nota maior para quem pega tubos - ou seja, quando o surfista passa "dentro" da onda que está "quebrando".  

Marks conseguiu pegar um tubo, ainda que tenha ficado pouco tempo. Depois ela não fez outras manobras. Mas só o fato de ter "entrado" na onda já lhe rendeu uma nota superior à média.

Já Tati pegou uma onda que não tinha como entrar no tubo. Então ela tentou fazer manobras na borda e conseguiu acertar 4 “rasgadas”, mas caiu no final. A queda também pesou contra.

Tati admitiu que fez escolhas erradas durante a bateria: "Cometi uns erros na bateria, poderia pegar umas ondas maiores ou melhores. Tipo, ia para manobras na última onda, só que aí eu comecei indo para o tubo e daí eu vi que eram só manobras. São coisas pequenas que realmente fazem a diferença e dessa vez não deu para mim. Mas a prata é um sucesso gigante, estou muito orgulhosa".

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