O surfe na Olimpíada de 2024 será disputado no Taiti, maior ilha da Polinésia Francesa. E a localização da competição no território ultramarino francês cria um cenário inusitado: será a maior distância entre uma disputa olímpica e a cidade-sede na história das Olimpíadas, com cerca de 15,7 mil quilômetros separando Paris e Teahupo’o. 

Até então, o recorde era de uma situação ainda mais incomum: a Olimpíada de 1956, em Melbourne (Austrália), teve as disputas do hipismo em Estocolmo (Suécia), a cerca de 15,6 mil quilômetros. Não só: as provas da modalidade aconteceram em junho, enquanto a Olimpíada em si aconteceu meses depois, entre novembro e dezembro.

Estocolmo foi a alternativa de Melbourne para as restrições impostas pelo Serviço Australiana de Quarentena e Inspeção, agência sanitária então vinculada ao Departamento de Agricultura australiano. Embora tenha deixado de existir em 2012, a entidade era considerada rigorosa nos padrões adotados em questões de saúde – não apenas de humanos, mas também de animas e plantas.

Na época, a Austrália exigia uma quarentena de seis meses antes do embarque dos cavalos, o que foi considerado inviável pelas delegações. Como as autoridades sanitárias não toparam abrir exceções, o COI (Comitê Olímpico Internacional) decidiu em 1954 que iria realizar as competições equestres em outro lugar. A Suécia foi escolhida, e a competição foi antecipada para junho para que atletas e animais competissem durante o verão, fugindo do inverno na Europa Setentrional.

Durante os seis dias de competições, entre 11 e 17 de junho, 29 delegações disputaram seis competições: adestramento, CCE e saltos, todas em competições individuais e por equipes. Na imprensa brasileira, a disputa era chamada de Jogos Hípicos ou de Jogos Equestres.

O Brasil contou com três ginetes: Renyldo Ferreira (montando Bibelot), Eloy de Menezes (com Biguá) e Nelson Pessoa (montando Relincho). O trio disputou apenas as competições de saltos, nas provas individuais e por equipe. Na primeira, Nelson Pessoa foi o 33º, com Eloy Menezes em 41º (depois do quarto lugar em 1952) e Renyldo Ferreira foi o 42º. Por equipe, os brasileiros ficaram no 10º lugar.

Em casa, a Suécia dominou, com três medalhas de ouro: adestramento individual, adestramento por equipes e CCE individual. A Alemanha faturou dois ouros, ambos nos saltos. A vitória no CCE por equipes ficou com a Grã-Bretanha.

No fim, em Melbourne, o Brasil conquistou apenas uma medalha: o ouro de Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo. O hipismo do Brasil só conquistaria a primeira medalha em Atlanta-1996, com o bronze da equipe nos saltos - entre os integrantes, destaque para Rodrigo Pessoa, filho de Nelson Pessoa.