Como a despoluição do rio Sena virou trunfo político na Olimpíada de 2024

Condições do principal curso d'água da França foram problema desde o começo do século XX

Da redação

Torre Eiffel vista de dentro do Rio Sena, em Paris
Pawel Kopczynski/Reuters

No dia 17 de julho, uma ensolarada quarta-feira em Paris, a prefeita Anne Hidalgo mergulhou nas águas do rio Sena em um ato bastante simbólico: era a aposta da capital francesa, sede dos Jogos Olímpicos de 2024, em um futuro mais ecológico.

Principal curso d’água em território francês com mais de 700 km, o Sena será um dos símbolos da Olimpíada. Não por acaso, receberá o desfile das delegações na cerimônia de abertura, que excepcionalmente não será realizada em um estádio. Será palco também de provas do triatlo e da maratona aquática.

Para isso, porém, Paris precisou superar um histórico de mais de um século de poluição no rio.

Historicamente, boa parte do esgoto dos parisienses era despejado no rio Sena – que, na primeira metade do século XX, começou a dar sinais de não dar conta da demanda. Embora diversas estações de tratamento tenham sido construídas a partir de 1940, mais da metade do esgoto chegava às águas do rio sem que fosse tratado.

A situação passou a melhorar na virada do século. Em 2000, uma diretriz da União Europeia determinou medidas para despoluir os rios de diversos países do continente. Como resposta, Paris adotou novas leis a respeito da qualidade da água.

Em 2018, com a aprovação de Paris como cidade-sede da Olimpíada de 2024, veio um novo plano com investimentos de 1,4 bilhão de euros. O programa incluía a construção de reservatórios de águas pluviais, que seriam gradativamente lançadas no sistema de esgoto – ajudando a combater enchentes e a limpar o próprio esgoto.

Os resultados se mostraram promissores. A quantidade de espécies de peixes no rio Sena aumentou, e a cidade planeja reabrir piscinas públicas em 2025 – após um veto de 102 anos. Os níveis de bactérias E. coli na água ainda preocupam, mas podem variar ao longo de determinados períodos.

Assim, o rio se tornou um importante trunfo político na Olimpíada de 2024. “A promessa foi cumprida”, comemorou Anne Hidalgo após o mergulho do dia 17. Cinco dias depois, na Vila Olímpica, o presidente Emmanuel Macron também defendeu o legado das políticas públicas para os Jogos de 2024: “Voltarei para ver o legado ao seu lado e ver a vida que terá mudado”.

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