Daniel Cargnin não escondia o abatimento após a derrota na estreia da Olimpíada de 2024, em Paris.
Medalha de bronze na categoria até 66 kg da Olimpíada de 2020, em Tóquio, o judoca brasileiro subiu de peso para Paris-2024, entrando na disputa do peso até 73 kg. No entanto, na capital francesa, caiu logo na estreia diante do kosovar Akil Gjakova.
“Não conseguiu desempenhar meu judô. É um dos atletas com quem eu tinha mais dificuldade – tinha enfrentado ele uma vez e tinha perdido, e dos outros cabeças de chave, tinha ganhado da maioria. Acho que não consegui de fato desenvolver meu judô”, lamentou o judoca gaúcho à Rádio Bandeirantes, tentando manter a cabeça erguida.
“Como eu saí de Tóquio (após a medalha), sou a mesma pessoa, mas com alguns ajustes, detalhes a melhorar. Agora é ficar com família um pouco e tentar esquecer um pouco isso.”
Em Paris, Daniel Cargnin conta com a companhia da mãe, Ana Rita, e da noiva, Julie Kim. E viu na família o principal apoio ao longo do ciclo olímpico.
“Um dos motivos pelos quais eu estou aqui é por elas. Ao mesmo tempo, eu sinto que não devo nada para ninguém. Tudo que eu construí, lógico, foi com ajuda da minha família, dos meus amigos – mas, sem eles, vamos dizer, foi praticamente sozinho. Acho que as conquistas, as vitórias e as derrotas fazem parte. É triste, mas já tive momentos piores, então acho que agora é levantar a cabeça.”
Ciclo difícil e ‘pressãozinha’
Para Cargnin, o fato de ter conquistado um pódio na Olimpíada de 2020 fez com que ele se tornasse um dos nomes mais visados da delegação brasileira do judô para 2024. Na modalidade, o país conquistou duas medalhas até aqui: a prata de Willian Lima (até 66 kg) e o bronze de Larissa Pimenta (até 52 kg).
“A gente fez uma preparação longa para os Jogos Olímpicos, fico muito feliz que a gente tenha conseguido medalha”, afirmou. “Sei do meu potencial. Ter medalhado em Tóquio deu uma pressãozinha a mais para cá. Mas acho que a palavra é gratidão, no sentido das pessoas que se doaram 100% comigo, a tudo que a gente passa. Pessoas que vieram para nos servir, para nos ajudar. Na medida do possível, vou me reerguer para tentar trazer uma medalha por equipes”, prometeu.
Com a mudança de categoria depois do bronze em Tóquio, Daniel Cargnin viveu momentos de altos e baixos. Em meio a um ciclo de lesões, conquistou o bronze no Mundial de 2022.
“Foi um ciclo difícil. Eu subi de 66 kg de Tóquio, achei que ia ser mais tranquilo, mas vieram também algumas lesões ao mesmo tempo. Acho que é procurar um caminho e manter a cabeça erguida”, disse o judoca, que “já estava um pouco machucado” no Mundial disputado em Tashkent (Uzbequistão).