Entre os coadjuvantes da biografia de Pelé, o ponta-esquerda Tite não figura entre os mais conhecidos. Mas é dele, pelo menos na versão mais conhecida, o passe para o primeiro gol do Rei no Santos, em 1956. Quem confirma é o neto Daniel Augusto, um dos presentes na vigília que se formou em torno da Vila Belmiro desde a notícia da morte de Pelé, na quinta-feira (29).
Daniel conta que Pelé chegou ao clube cinco anos depois de Tite. A irmã, Débora, que estava acompanhando o irmão, jurou que é real a história do avô e confirmou que a história é passada de geração em geração. Durante a conversa de Daniel, fãs e torcedores do clube passavam pelas ruas ao redor do Estádio Urbano Caldeira para prestar homenagens para Pelé. O clima de luto era misturado com as memórias dos tempos áureos do Rei do futebol.
O neto de Tite também relembrou que o avô, morto em 2004 aos 74 anos, era grande amigo de Pelé. “O vô ensinava o Pelé a tocar violão na concentração”, conta. Daniel fala com carinho do Rei do Futebol. “Nós conhecemos ele pessoalmente, o Pelé sempre foi humilde, dava atenção para todos. Conversamos muito, ele era um cara diferenciado em tudo, como jogador, pessoa, ele era demais”, afirma.
No estádio, Daniel aproveitou para comprar a icônica camisa 10 de Pelé para ele e para a família. Ele diz que a visita não será única. “Pretendemos vir vários dias até o velório, passar por aqui para essa última homenagem”, diz.
Apesar da garantia de Daniel e Débora do passe do avô, há outra versão para o primeiro gol de Pelé pelo Santos. A estreia do Rei do Futebol, então com 15 anos de idade, foi em 7 de setembro de 1956, em uma partida amistosa contra o Corinthians de Santo André. A partida terminou em uma goleada por 7 x 1 do Santos, sendo o sexto gol o do Rei do Futebol.
Em entrevista recente à agência de notícias EFE, Antonio Schank, do Corinthians de Santo André, descreveu o lance de outra forma. “No lance do gol, o Hélvio, do Santos tirou de cabeça, a bola sobrou no meio-campo, dei o combate no Pelé, mas tomei o drible. Ele passou pelo Zico, pelo Dati, nosso defensor, e tocou na saída do Zaluar”, explica.