Primeiro medalhista olímpico de boxe para o Brasil, Esquiva Falcão se despediu de Maguila, que morreu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos. O pugilista de 34 anos, prata em Londres-2012, exaltou a trajetória da lenda no esporte e mandou uma mensagem de conforto aos amigos e familiares.
Infelizmente hoje o Boxe recebeu uma das piores notícias. O Boxe está de luto. Hoje perdemos um grande nome do esporte, o Maguila. Que Deus conforte o coração de todos os familiares, amigos e fãs. Que Deus abençoe. Hoje o Boxe está de luto. Forte abraço e que Deus conforte o coração de todos - Esquiva Falcão
A causa da morte de Maguila não foi divulgada. O ex-pugilista enfrentava uma doença degenerativa há algum tempo, devido a pancadas sofridas em suas lutas. A encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência pugilística, foi diagnosticada em 2013 no ex-lutador.
Cérebro para estudo
Em 2018, a família do ex-pugilista manifestou interesse na doação do cérebro do Maguila para que o órgão do pugilista fosse objeto de estudos neurológicos na Universidade de São Paulo (USP).
A intenção seria a de detectar os impactos, consequências e possíveis prevenções das pancadas recebidas na cabeça ao longo dos anos como boxeador. As batidas no crânio, assim como no boxe, também são motivos de preocupação em outros esportes, como no rúgbi e no futebol americano.
Doença dos impactos na cabeça
Diagnosticado com encefalopatia traumática crônica (ETC), a enfermidade é característica daqueles que sofrem lesões de impactos repetitivos na cabeça. Com as seguidas pancadas, Maguila foi acometido da neurodegenerativa evolutiva e incurável, que passa a impactar diretamente a coordenação motora e a memória da vítima. Com o declínio cognitivo, é possível observar mudanças de comportamento e sinais de esquecimento.
Trajetória de Maguila
Sergipano de Aracaju, Adilson `Maguila´ Rodrigues nasceu em 12 de junho de 1959. Foi o mais carismático dos pugilistas brasileiros. Pedreiro de ofício, deixou a terra natal para se dedicar ao boxe em São Paulo aos 17 anos.
Em 2008 trabalhava como professor de escolinha da modalidade mantida pela prefeitura de São Paulo localizada na região da rodovia Raposo Tavares.
Em 2011, já longe dos ringues, Maguila admitiu sofrer com os problemas do Mal de Alzheimer e também de diabetes.
Fã de Eder Jofre e Cassius Clay, constituiu carreira brilhante, embora muitos a contestem. Em 86 combates venceu 81, sendo 68 por nocaute. Perdeu cinco lutas, quatro por nocaute.
O folclórico sergipano contou muito com a ajuda do jornalista Luciano do Valle, cuja empresa Luqui promoveu e muito a sua carreira. Foi neste período que foram registrados os maiores combates de Maguila. Vitórias sobre James Quebra-Ossos Smith e Daniel Falconi e jornadas tristes como as derrotas para nomes históricos como George Foreman e Evander Holyfield.
Mesmo assim, deixou o ringue com um currículo expressivo. Foi campeão brasileiro, sul-americano, latino-americano e mundial, este útimo pela pouca expressiva Federação Mundial de Boxe.
Em 19 de janeiro de 2013, aos 54 anos, foi internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo para uma avaliação médica, segundo sua esposa, Irani Pinheiro.