Júnior Moraes quebrou o silêncio e falou sobre a saída conturbada do Corinthians. Em entrevista ao Podcast Denílson Show, com apresentação de Denílson e de Chico Garcia, o atacante explicou por que fracassou no Timão e rebateu Alessandro Nunes. O gerente de futebol do clube chamou o atleta de “covarde e mentiroso”.
Por que mentiroso? Até agora eu não consigo entender o porquê de mentiroso, ele poderia ter falado naquela entrevista. E falou covarde. Agora eu vou falar. Lembram do único gol que fiz pelo Corinthians? Contra a Portuguesa-RJ, pela Copa do Brasil. Na madrugada antes do jogo, eu tive uma reação alérgica, passei a madrugada no hospital tomando medicação na veia, não tinha condições mínimas de jogo. Eu sabia que ia ser titular, e fui pedir para o Vítor Pereira para eu jogar. Era muito importante para mim. Viver aquele gol foi a maior vitória que eu tive, comemorar com a torcida. Eu joguei com o rosto inchado, pode ver as entrevistas. Eu saí no primeiro tempo, e quando eu saio, vou direto para a enfermaria do clube. Passei o segundo tempo todo tomando medicação na veia sem força nenhuma - Júnior Moraes.
No início de junho, Alessandro detonou o atacante. “Sobre este atleta, tenho de ser muito franco: tenho que pedir desculpas para o torcedor corintiano, por uma contratação tão infeliz que fizemos”, disse o gerente. “Vestir a camisa do Corinthians precisa ter coragem, personalidade e este que eu prefiro nem mencionar o nome foi covarde e, principalmente, mentiroso (...) Lamento que o torcedor corintiano tenha visto ele com a camisa do Corinthians”, afirmou o executivo.
No papo com Denílson e Chico Garcia, comentaristas do Jogo Aberto, Moraes disse que não quer se fazer de vítima com a situação. Ele afirma que ficou calado por um ano e que sofreu bastante com a declaração de Alessandro, até então um amigo no mundo da bola. Eles jogaram juntos no Santos, em 2007.
Eu não quero falar que eu sou vítima, não sou o coitadinho, eu não vim contar uma história triste, mas eu vim contar a realidade. Eu fiquei mais de um ano calado, e eu apanhei pra car*. Depois de tudo que passei, o Alessandro ser desrespeitoso como foi, não. Eu não guardo mágoa. Eu fiquei muito bolado, mas eu não guardo mágoa. Se eu encontrasse ele pessoalmente, falaria com ele sim - Júnior Moraes.
No podcast, Júnior Moraes disse que chegou ao Corinthians muito abalado por causa da guerra na Ucrânia. O jogador saiu às pressas do país e, já em solo brasileiro, acertou com o Corinthians.
Segundo Moraes, ele precisou de acompanhamento psicológico ao voltar ao Brasil e desenvolveu alergias pelo corpo por causa do estresse sofrido em solo europeu.
“Eu comecei a ter alergias no corpo, dentro da concentração. Eu estava jantando, na resenha e de repente o rosto começou a inchar. Fui para o hospital, medicação na veia. E começaram umas loucuras assim, minha pele começava a inchar, coçava", disse.
“O departamento médico do Corinthians não me deixou de lado. Fomos investigar, exames. Demorou seis meses para a gente entender o que estava acontecendo Com tudo que aconteceu, guerra, volta para o Brasil, minha imunidade baixou muito e começou a desencadear muita coisa, como a alergia”, explicou o atacante.
Outros trechos da entrevista de Jr Moraes
Dispensa de Luxa e conversas por rescisão
“Está tudo bem o Luxemburgo não me utilizar, tem as preferências dele, está tudo certo. O Alessandro me chamou para conversar pessoalmente. ‘A partir de agora que não vamos mais te utilizar, a gente tem interesse em fazer a rescisão de contrato’. Eu falei: ‘Tudo bem, entendo o lado de vocês. Eu fiz o meu máximo, estou de consciência limpa. Eu também não quero ficar treinando no clube sem jogar, eu gosto de dar resultado. Vamos chegar num acordo’. Eu falei: 'Me formaliza tudo que vocês têm para me pagar, que eu tenho direito, eram 12 salários atrasados e todas as parcelas de fundo de garantia. Pagavam a parte da CLT, mas todas as outras partes, que dava mais da metade, eu estava sem receber. Eu nunca liguei para isso, porque o meu foco era jogar. Eu falei que abriria mão de uma boa parte do contrato para sair de uma forma legal. Ele nunca formalizou, em nenhum momento me mandou o e-mail, como eu pedi. Tivemos uma segunda conversa, ele foi claro dizendo que não tinha como fazer acordo do que tinha para pagar. Eu disse que abriria mão de uma parte e pedi para fazer um meio termo. Ele disse que não teria acordo."
Mais sobre a fala do Alessandro
"Machucou muito, primeiramente é revoltante. Eu pensei em bater de frente, faltar com respeito e seguir na mesma linha, mas depois de tudo que eu já vivi, do que tento ser exemplo para os meus filhos, eu pedi uns dias para ficar tranquilo e pensar com calma antes de responder. Esse tempo todo eu fui todos os dias treinar, treinei dois períodos a maioria das vezes. Eu fui profissional para car*, eu queria ser campeão com o Corinthians. Fugiu do meu controle, era uma questão de saúde."
Corinthians venceu concorrência de Coreia e Itália
“Eu não tomei a frente em nenhum momento. Eu falo a língua deles, então falei com diretores, com o clube, decidi o que fazer, como a gente tentaria sair de lá. Foram dias intensos. (...) Vim para cá, chegaram algumas propostas e fomos falar de futuro. Tinha proposta do Atalanta, uma muito boa financeiramente da Coreia, e algumas do Brasil. Foi quando o Alessandro me ligou e falou do interesse do Corinthians. Estava muito perto da Coreia, mas a proposta do Corinthians mudou. Poderia ficar perto da minha família, defender o Corinthians com 35 anos. Então acertamos.”
Estreia no Corinthians
"Eu fiquei praticamente 15 dias sem treinar, precisava me adaptar. E o Vítor Pereira já me chamou, entrei nas quartas de final contra o Guarani. Com certeza [foi antecipada a estreia]. Eu chego, tenho a estreia maravilhosa, passamos nos pênaltis. Eu chamei a responsabilidade, bati e fiz. Foi maravilhoso."
O podcast Denílson Show é disponibilizado no YouTube, na Twitch e nas plataformas de podcast todas as segundas-feiras.