Técnico do Red Bull Bragantino, Pedro Caixinha conversou com o Jogo Aberto nesta terça-feira (21) e admitiu que a pressão menor ajuda o elenco na reta final do Campeonato Brasileiro. Ainda assim, o português de 53 anos evitou falar sobre a briga pelo título.
Nós sabíamos desde o início que seria, muito provavelmente, o Brasileirão mais disputado de todos os tempos. Basta recordar as equipes que subiram, com histórias tremendas, quatro grandes, e tudo aquilo que são as equipes que já fazem esse campeonato muito competitivo. Aqui tem quatro grandes no Rio, mais quatro em São Paulo, Rio Grande do Sul são mais duas, Fortaleza é uma equipe gigante, olha o que o Athletico Paranaense tem feito. Sabíamos que seria muito competitivo e por isso definimos objetivos muito claros e realistas - iniciou Pedro Caixinha.
"Esse é um projeto que vai demorar o seu tempo. Estou claro que um conjunto de fatores nos levaram a estar disputando o campeonato matematicamente, mas essa é uma equipe que eu diria que nos próximos dois, três anos tem que andar nessas instâncias [brigando por títulos], com uma regularidade muito grande, uma presença muito grande. É o projeto da instituição. Estamos muito satisfeitos de ter feito isso em tão pouco tempo, mas é preciso valorizar todo o trabalho que foi feito antes”, acrescentou.
A favor do time do interior paulista tem a pressão menor. Enquanto o Flamengo é o time mais estruturado do país e é cobrado pelo troféu do Brasileirão nesta reta final, o Bragantino vive outra realidade, com uma torcida bem menor.
Eu acho que sim [a pressão menor ajuda o time]. Mas a pressão que eu coloco para mim mesmo, no dia a dia, tem que ser sempre superior à pressão que vem de qualquer lado. E tem a boa e má pressão também. E eu aprendi que eu só posso estar preocupado com aquilo que eu posso controlar. Seja dos torcedores, da mídia, da logística, calendário. O que eu posso controlar é nosso dia a dia do trabalho. A exigência que os jogadores têm aqui é muito grande. Então acredito que a gente consegue fazer o que fazemos por causa disso - Pedro Caixinha.
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Fracassos na temporada
Quando iniciamos a campanha, obviamente foram quatro competições e precisamos ser claro que nas outras não fomos felizes, não ficamos satisfeitos com o desempenho. Chegamos à semifinal do Paulistão, mas não conseguimos avançar. Consideramos isso um fracasso e uma parte do crescimento. Na Copa do Brasil, também não estivemos à altura. E até mesmo na Sul-Americana. Foram três provas no mata-mata que não estivemos à altura. Tivemos a oportunidade de rever alguns desses jogos para assumirmos o que é a reta final desse campeonato. A nossa arma é acreditar naquilo que fazemos, no nosso trabalho do dia a dia.
Como vencer o Flamengo?
O Flamengo é de expressão mundial, tem um técnico de expressão mundial, jogadores de expressão mundial. Sabemos a dificuldade que vamos encontrar. É uma filosofia de jogo diferente [com o Tite], estamos cientes das dificuldades, mas acreditamos muito na nossa capacidade. Não ia dizer, mas vou dizer. Esse jogo era pra ter sido feito há um mês, mas por alguma razão vai ser agora. Nós sabemos que quando tivemos essas pausas da Fifa, tivemos sempre um aproveitamento profilático. Os jogadores sempre deram uma resposta muito boa em relação a isso. Eles e nós tivemos muito tempo para preparar esse jogo, e a única coisa que estamos muito preocupados é que a nossa equipe esteja convencida de que precisa colocar em prática o que é o nosso jogo.
Outros jogos contra o Flamengo
Já joguei contra o Flamengo por três vezes, a primeira pelo Talleres. Na fase de grupos da Libertadores do ano passado. Quando viemos para o Maracanã, tivemos um descuido por 30 minutos, já estávamos perdendo de 2 a 0 e o jogo já estava praticamente resolvido. Depois, em Córdoba, foi totalmente diferente. E eu penso que no jogo do primeiro turno foi precisamente isso. Foi uma equipe solta de conceitos, respeito ao máximo o adversário e acho que não tem como respeitar mais o adversário do que sendo você mesmo [impondo seu jogo]. Acho que esse é o caminho para enfrentar uma grande equipe.
Maturidade como treinador
Estou calmo, muito tranquilo. Esse ano no Brasil tem sido um dos anos que mais me sinto maduro como treinador. Em termos da minha forma de estar no banco e procurar ajudar a equipe. Não estou a falar do jogo propriamente dito. Eu tenho que estar mais calmo, e o coração palpita e bate dentro aquilo que é normalidade para levar o sangue ao cérebro para que possamos pensar e tomar boas decisões.
Filosofia do Red Bull
Tem todo um trabalho por trás, de grandes profissionais, de diferentes departamentos, que nos ajudam e fazem nosso trabalho muito mais fácil. Estou a falar desde o roupeiro até os dirigentes. E um grupo fantástico de jogadores, que desde o primeiro momento ficaram muito convencidos do que é a filosofia Red Bull. Não é uma ideia que é minha, obviamente, mas eu também comprei. Procuro colocar algumas coisas da minha experiência, em forma de ver o jogo, na relação com eles. O ataque ao gol é filosofia do Red Bull, atacar a bola. O que eu procuro é colocar para eles entenderem como está o jogo, para que lado funciona melhor para fazermos aquilo que pensamos, se é melhor cadenciar.
Quase um ano no comando do Bragantino
Eu falei para um amigo. Faltam duas semanas para acabar e parecem que foi ontem que eu cheguei aqui. Isso é muito bom sinal, é sinal de que o tempo passa, que estamos a fazer o nosso trabalho, sinal de que todos nós estamos fazendo as coisas bem-feitas. E é sinal de que estamos felizes. Andar nessa vida sem estarmos felizes nunca vamos tirar o máximo de nós mesmos. É isso que procuramos ter, um bom ambiente de trabalho, uma cultura de exigência muito próxima ao que é o grupo Red Bull e continuar a crescer. O próximo passo é sempre mais importante, o próximo jogo é sempre mais importante, mas também temos uma visão em relação ao futuro, sobre a temporada do ano que vem. Ontem visitamos o novo CT, que vai ter uma estrutura fantástica.