O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, foi alvo de críticas na edição desta segunda-feira (26) do Jogo Aberto. O motivo: a entrevista coletiva do treinador no último sábado (24), após a vitória por 5 a 0 sobre o Cuiabá em Campinas (SP) pelo Campeonato Brasileiro.
Na ocasião, a repórter Alinne Fanelli, da rádio BandNews FM, perguntou ao treinador sobre a lesão do lateral direito Mayke. Na resposta, disse que “vocês têm que entender é que tenho que dar satisfação a três mulheres só: minha mãe, minha mulher e a Leila (Pereira, presidente do Palmeiras). Elas são as únicas que podem me pedir explicação”.
Em nota oficial, Abel Ferreira reconheceu que foi “infeliz” na resposta e lamentou o que considerou “um mal-entendido”. No entanto, Renata Fan demonstrou não ter ficado satisfeita com o posicionamento do treinador.
“Não foi um mal-entendido, na minha opinião. Acho sempre importante pedir desculpas, acho um gesto louvável, mas não é único. Precisa de mais. E se é para falar de machismo no mundo do futebol, eu sou uma pessoa extremamente capacitada para isso, porque estou há 21 anos nesta área ininterruptamente, e ainda bem que trabalho com sete comentaristas aqui que me respeitam, que me valorizam, que me dão espaço e que debatem de igual para igual comigo”, afirmou.
A apresentadora fez questão de destacar o respeito pelo currículo de Abel Ferreira – pelo Palmeiras, são dois títulos de Libertadores, dois do Campeonato Brasileiro, um da Copa do Brasil e três do Campeonato Paulista, entre outros. Ainda assim, disse esperar por uma mudança de postura do treinador diante do episódio.
“O Abel tem todos os méritos. Ninguém precisa falar das qualidades, o que ele já fez, o quanto ele revolucionou o futebol brasileiro e quanto o Brasil revolucionou a carreira do a Abel. Mas especificamente o que aconteceu no sábado, depois de um 5 a 0, uma goleada onde o Estêvão brilhou, o time correspondeu, mostrou um futebol de alto nível... Aí ele vai para uma coletiva ‘armado’, culpando talvez os jornalistas por causa das eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores”, teorizou.
“O Abel recebeu uma pergunta extremamente diplomática, correta, pertinente, em um tom muito bem ajustado – mas a resposta foi desconectada, foi bruta, foi grosseira. Eu espero que ele apenas não fique nesta nota, mas que ele demonstre no dia a dia o quanto ele valoriza as mulheres no futebol, o quanto ele também reconhece que elas podem ter espaço, que não é simples batalha para estar aqui em um programa nacional por 17 anos”, acrescentou Renata.
“Eu não me coloco só no lugar da Alinne, eu me coloco no lugar de todas as profissionais competentes, que buscam muito arduamente progredir, melhorar e estar nesta área. Então, Abel: repensa. Que isso sirva para a sua consciência. Porque você é brilhante em tantas coisas, mas desta vez você realmente foi muito mal e merece ser criticado. Entenda essa crítica como algo até suave, porque o que você fez não é condizente com a sua postura, com os tantos títulos que você já venceu, e com a sua carreira extremamente elogiada aqui no Brasil”, concluiu.
O ponto de vista foi semelhante ao de Denílson. O comentarista fez questão de destacar Alinne Fanelli como uma jornalista “extremamente comprometida com a nossa profissão”, e espera que o técnico do Palmeiras adote um tom mais ameno para evitar novos casos com o do fim de semana.
“Não foi a primeira e nem vai ser a última do Abel. O Abel já pediu desculpas várias vezes, já foi agressivo verbalmente na coletiva várias vezes. A gente precisa entender – ou o Abel, neste caso – que o repórter está ali para fazer a pergunta. Eu fico com a sensação de que, em todas as coletivas do Abel, ele vai com sete pedras na mão, esperando uma pergunta capciosa para ter uma resposta, uma reação negativa”, disse o ex-jogador.
“Esse tipo de atitude dele nas coletivas não é legal para ele, não é legal para a sociedade. Quando você se torna uma pessoa pública, você passa a ser exemplo para alguém, alguém quer te copiar, alguém quer seguir os seus passos. É legal um pedido de desculpas, um posicionamento de desculpas? É legal. Mas toda hora pedindo desculpas já não fica legal”, acrescentou.