Paulinho vestiu pela última vez a camisa do Corinthians na noite desta terça-feira (28), na vitória por 3 a 0 sobre o Racing (Uruguai) pela Copa Sul-Americana. No dia seguinte, encerrou o ciclo como atleta do clube ao se despedir em entrevista coletiva.
Ao falar com a imprensa pela manhã desta quarta-feira (29), o volante – que ainda não tem destino definido – se emocionou. Aos 35 anos, chorou ao falar dos filhos, que vão “ver o legado que o pai deles deixou dentro de um clube, dentro de uma instituição”.
“Eu falei que talvez não fosse me emocionar, mas é difícil, né? Ontem eu dei uma entrevista após o jogo, que eu não tinha dimensão do que eu fiz dentro deste clube. E ainda me questionei: ‘Será que eu merecia tudo isso?’. Não é fazendo de vítima, de coitado. É que, quando a gente está dentro da situação, a gente não tem essa dimensão, esse discernimento do que nós representamos para milhões de torcedores. E ontem eu vi, eu enxerguei, depois que eu cheguei em casa, que eu deixei um legado, deixei uma história”, afirmou.
“Construí essa história dentro do campo – treinando, jogando, sendo profissional. Aí você sai com uma situação de cabeça erguida, de que deu tudo pelo clube, com muito amor, muita lealdade, muito carinho, muito respeito, que é o que o ser humano tem que ter pelos outros. Saio com o dever cumprido de que deixei um legado para todos esses atletas que estão aqui, que vão ficar. E queria ainda fazer um adendo que os que chegarem, eles têm que saber o que é a cultura corintiana. Eles vão entender o que é isso. Eles vão entender o que eu estou falando”, completou.
Ao longo da carreira, Paulinho passou duas vezes pelo Corinthians. Na primeira, entre 2010 e 2013, conquistou o Campeonato Brasileiro (2011), a Libertadores, o Mundial de Clubes (ambos em 2012) e a Campeonato Paulista (2013). Retornou em 2022, mas desta vez sem títulos.
Mesmo sem brilhar na segunda passagem, o volante disse ter entendido que o ciclo havia chegado ao fim. Ainda assim, garante, partiu com a compreensão do que entendeu ser a “cultura corintiana” que citou.
“O Corinthians significa tudo na minha vida. Muito que conquistei na vida, devo ao Corinthians. Ser Corinthians é entender a pessoa que arruma tua cama, a pessoa que cozinha para você, quem prepara tudo para você ir lá e jogar”, disse.
“No Corinthians, nunca vi exigirem craques; exigem vontade, garra e ter amor pelo clube. Isso só existe aqui. Já passei em outros lugares, outros clubes, seleção. Esse clube me deu a chance de jogar na Europa. Nunca vi nada igual. Esse clube pode levar as pessoas a lugares que não imaginam. Não falo isso da boca para fora e nem para agradar, falo a verdade”, completou.
Paulinho agora deve definir onde vai jogar. Clubes como Grêmio, Cruzeiro e Santos são cotados, mas o meio-campista já admite a possibilidade de pendurar as chuteiras a curto prazo.
“Não tenho destino e nem proposta oficial”, garantiu. “Tenho como projeção de jogar até quando eu ver que tenho que parar. Se for dezembro, vou parar. Não tenho problema algum com isso. Vou deixar Deus me levar para ver até onde posso chegar.”