Mundial de Clubes

Da 3ª divisão ao Mundial: veja o que Manchester City e Fluminense têm em comum

Há 25 anos, clubes chegaram ao fundo do poço e se reergueram com a ajuda de patrocínios milionários

Por Rodrigo Lima

Flu e City fazem a final do Mundial de Clubes
Flu e City fazem a final do Mundial de Clubes
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Pode parecer impossível de se imaginar, mas o Manchester City e o Fluminense possuem muito em comum em suas histórias centenárias e na trajetória até a final do Mundial de Clubes de 2023.

Prestes a disputarem o topo do mundo no futebol, Fluminense e Manchester City viveram seus piores momentos de suas histórias centenárias há 25 anos. As duas equipes amargaram o rebaixamento para a terceira divisão nacional do Brasil e da Inglaterra no ano de 1998.

Agora, na próxima sexta-feira (22), às 15h, vão entrar em campo no Estádio King Abdullah Sports City, em Jedá, na Arábia Saudita, para decidir quem fica com o título de campeão mundial.

Fluminense e Manchester City na terceira divisão em 1998

O ano de 1998 foi doloroso para Manchester City e Fluminense. Os ingleses foram rebaixados para a terceira divisão nacional após terem caído para a segunda divisão na temporada 95/96.

Já o Fluminense, que teve o rebaixamento em 96 cancelado após um escândalo de corrupção envolvendo a arbitragem do futebol brasileiro, não escapou do descenso em 1997. Disputando a segunda divisão em 1998, o Tricolor das Laranjeiras amargou um novo rebaixamento, desta vez para a terceira divisão.

Mas se o Fluminense disputou a Série C e conseguiu um acesso tranquilo, sendo campeão da terceira divisão em 1999, o Manchester City não teve vida tão fácil assim.

O City ficou apenas no terceiro lugar na tabela durante a temporada regular e teve que encarar um playoff contra o Wigan e tendo conquistado o acesso somente ao vencer o Gillingham, nos pênaltis, após empate em 2 a 2 no tempo normal.

Retorno à elite de Flu e City

Campeão da Série C e com o acesso à segunda divisão garantido, o Fluminense não precisou disputar a Série B em 2000, tendo sido promovido para a primeira divisão do futebol brasileiro devido a uma mudança no formato de disputa do Brasileirão.

O motivo da mudança foi a polêmica envolvendo o ex-jogador Sandro Hiroshi, que na época defendia o São Paulo e havia adulterado sua data de nascimento, motivando a perda de três pontos do Tricolor para o Botafogo, que se salvou do rebaixamento em 99. O Gama, equipe que caiu naquele ano, recorreu à justiça comum e conquistou o direito de permanecer na elite.

Devido a toda a confusão, a CBF foi impedida de organizar o Brasileirão em 2000 e a competição, sob o nome de Copa João Havelange, foi organizada pelo extinto Clube dos 13, com a participação de 116 clubes. Dentre eles, o Fluminense.

O City já teve um retorno menos conturbado. A equipe de Manchester ainda disputou as temporadas de 99/2000 e 2001/02, garantindo o seu acesso à Premier League no segundo ano do seu retorno para a segunda divisão. Desde então, o clube nunca mais foi rebaixado ou passou perto de voltar para a segunda divisão.

Grandes investimentos e recuperação

Outra similaridade entre Fluminense e Manchester City, guardadas as devidas proporções, foram os altos investimentos feitos nos clubes por um dono ou mecenas durante seus mais de 100 anos de existência.

Pelo lado do Tricolor, a empresa Unimed, comandada por Celso Barros, grande torcedor do Fluminense, foi a responsável por despejar muitos milhões em contratações, salários e em melhorias na estrutura do clube carioca de 1999 até 2014, recolocando o clube entre os protagonistas do futebol brasileiro.

A empresa, operadora de planos de saúde, foi a responsável pela contratação de grandes nomes do futebol para o Fluminense, como Romário, em 2002, ano do centenário do clube, Fred, Deco, Edmundo, Conca, Carlos Alberto, Thiago Neves, Washington e muitos outros.

Apesar do alto investimento, que chegou a ser de mais de 70 milhões em alguns anos, o Tricolor teve temporadas de baixa durante a parceria. Como em 2003 e 2009, quando o clube quase caiu para a Série B pela segunda vez em sua história.

Mas o alto investimento também rendeu grandes conquistas para o Flu, como o bicampeonato brasileiro em 2010 e 2012, além da Copa do Brasil de 2007 e o vice-campeonato da Libertadores em 2008.

Já o City foi comprado pelo Sheik Mansour Bin Zayed Al Nahyan, membro da família real de Abu Dhabi e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, em 2008.

A venda do clube de Manchester foi o ponto de virada na história do time, que apesar de já contar com 2 títulos do Campeonato Inglês, 4 da Copa da Inglaterra, 2 da Copa da Liga Inglesa e 3 da Supercopa da Inglaterra, passou a ser um dos principais times do futebol inglês.

Com grandes investimentos em estrutura e na contratação de grandes nomes do futebol mundial, como o treinador Pep Guardiola, os atacantes Agüero, Haaland, Gabriel Jesus, os meias Bernardo Silva, De Bruyne e tantos outros considerados os melhores do mundo em suas posições, o City virou um multicampeão.

Desde então, o clube conquistou sete vezes a Premier League, 3 Copas da Inglaterra, 6 Copas da Liga Inglesa, 3 Supercopas da Inglaterra, uma Supercopa da Uefa e a tão sonhada Liga dos Campeões.

Primeiro título continental:

Já a temporada de 2023 reservou as maiores conquistas da história de ambos os times. Após baterem na trave uma vez cada - o City em 2021 e o Flu em 2007 – Citizens e Tricolores finalmente conquistaram o tão sonhado título continental.

O Manchester City se tornou campeão da Liga dos Campeões pela primeira vez em sua história ao bater o a Internazionale, por 1 a 0, na grande final, realizada em Istambul, na Turquia.

Durante toda a campanha, a equipe inglesa não foi derrotada nenhuma vez e encerrou a competição com 8 vitórias e cinco empates.

Já a campanha do Flu não foi menos brilhante durante a Libertadores. Campeão em cima do Boca Juniors, em pleno Maracanã, o Fluminense teve 8 vitórias, 3 empates e 2 derrotas durante a maior competição da América do Sul.

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