O espanhol Pep Guardiola, o escocês Alex Ferguson e o holandês Johan Cruijff são três dos grandes treinadores do futebol mundial que compartilharam seus conhecimentos na forma de livros. O português Abel Ferreira já alimentava essa ideia ao se contratado pelo Palmeiras em outubro de 2020.
“Isto é uma semente que já estava plantada na nossa cabeça e da equipe técnica há muitos anos atrás, quase desde o nosso início”, disse Abel.
O projeto de um livro não vingou quando Abel e sua comissão técnica passaram pelo Braga, de Portugal, e pelo Paok, da Grécia. Mas se tornou viável assim que Abel pediu uma indicação ao então gerente de futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras, Cícero Souza.
“Cícero, eu queria que você me indicasse um ou dois livros de treinadores brasileiros”, lembra Abel. E assim nasceu “Cabeça fria, coração quente”.
A Libertadores da América de 2020 foi o primeiro título internacional da carreira do treinador e de seus auxiliares. É evidente que mereceu capítulo especial no livro, não só pela vitória, mas pela obsessão que era a conquista da Libertadores.
Em 2021, até chegar o bicampeonato da Libertadores, o Palmeiras não viveu bons momentos. Perdeu para o São Paulo a decisão do Campeonato Paulista e foi eliminado pelo alagoano CRB na terceira fase da Copa do Brasil. Entre altos e baixos, terminou o Brasileirão em terceiro lugar.
Sentindo o time um pouco relaxado e fora de foco, Abel chamou os jogadores para uma reunião. É o que ele relata no livro.
Peixe
O ano de 2021 terminou bem. A vitória sobre o Flamengo e a segunda Libertadores de Abel agora fazem parte da história. Mas um capítulo dela, que pouca gente conhece, merece ser contado.
É a história do peixe dourado que adornava a mesa de trabalho do treinador.
"O peixe Libertadores passou a ser, a partir daquele momento, mais um elemento integrante do nosso gabinete de trabalho. E mesmo sem falar, lembrou-nos, nos bons e maus momentos, de que todas as nossas decisões, fossem mais ou menos difíceis, seriam em prol de um só objetivo: conquistar mais uma Copa Libertadores", narra Abel.
Estas e muitas outras passagens narram o dia-a-dia da comissão técnica portuguesa do Palmeiras durante este um ano e quatro meses de convivência e de muito trabalho.
Será que Abel, Carlos Martinho, João Martins, Tiago Costa e Vitor Castanheira mudariam alguma coisa?
“A capa do livro não era essa. Era eu no Maracanã com a Libertadores, e o título era 'O primeiro Grande Prêmio com 78 voltas'. Fazia essa comparação entre Fórmula 1, carros, e o futebol. Depois essa imagem [Abel com os dedos apontando para a própria cabeça] que ficou é muito poderosa. Dos ombros para baixo todos os jogadores são iguais, dos ombros para cima é o que faz a diferença", revelou Abel.