Em tempos de Copa do Mundo, quem assiste ao gol do Brasil em transmissão sem delay é rei. Já quem recebe os sinais de TV com atrasos deve viver uma angústia anormal pela quebra de expectativa provocada pelos gritos da vizinhança segundos antes. De uns anos para cá, essa diferença de tempo está bem comum, muito disso por causa da adesão do brasileiro às plataformas de streaming.
E para você evitar os incômodos causados pelo delay, entrevistamos especialistas em tecnologia. De cara, eles são enfáticos na defesa da TV aberta, aquela cujo sinal é gratuito, para quem pensa em ter experiências melhores ao assistir à Seleção Brasileira na Copa do Mundo, por exemplo.
“Via de regra, se a prioridade é assistir com menos atraso, certamente, a TV será melhor”, pontuou Guilherme Petersen, especialista em tecnologia e CEO de uma plataforma voltada para empreendedores digitais.
TV analógica vs TV digital
Os especialistas consultados pela Band explicam que, com o advento da TV digital, a partir de 2010, a percepção sobre os delays ficou mais frequente. Acontece que, a depender da qualidade da imagem e áudio a ser transmitida, o sinal pode demorar mais a chegar a determinados receptores.
Quando a TV analógica era mais popular, apesar da velocidade ser maior, o sinal poderia vir com problemas, a exemplo dos famosos “chuviscos” na tela. Hoje, isso é quase impossível. Na tentativa de reduzir os atrasos na transmissão de TV, Pedro Rabelo explica que possuir uma antena analógica pode ser um diferencial. O especialista é diretor de uma empresa que atende lojas digitais.
“Além de se ter uma melhor internet, outra solução, cujas vendas multiplicaram recentemente, é comprar uma antena analógica. Recentemente, esse produto bombou em marketplaces”, sugere Rabelo.
TV aberta ou TV por assinatura?
A diferença dos sinais entre TVs pagas e gratuitas podem variar de 4 a 10 segundos, conforme descreveu Rabelo ao explicar as causas dos delays entre os serviços. De um lado, os canais abertos têm uma ligação direta com o telespectador, enquanto os pagos ainda precisam ser retransmitidos.
Na prática, a Copa do Mundo, por exemplo, fica disponível tanto para a TV aberta como a fechada. A questão é que a segunda ainda precisa levar o sinal para a sede dela e fazer uma redistribuição deste para os assinantes. Tal obstáculo não existe nas emissoras gratuitas, cuja transmissão é quase imediata. O mesmo acontece com os sinais de rádio.
“Para chegar à TV aberta, o sinal bate nas antenas [das casas], e o sinal bate quase que imediatamente na ponta do consumidor. Já o sinal, no casso da TV por assinatura, precisam redistribuir a transmissão por fibra ótica ou por satélite, além de precisarem codificar e decodificar o sinal em cada uma das pontas. Em média, segundo testes recentes, são de 4 a 10 segundos”, explica o especialista.
Os streamings…
No caso das plataformas de streamings, o atraso pode ser ainda maior. A Amazon, grupo proprietário do Prime Video, usa o exemplo do futebol para explicar delays de até 30 segundos. Segundo a empresa americana, a jornada da câmera à tela do consumidor passa por várias etapas, a exemplo:
- duração de codificação de vídeo;
- operações de consumo e embalagem;
- protocolo de propagação e transporte da rede;
- comprimento do segmento;
- políticas do aplicativo de reprodução, etc.
“Com o streaming tradicional de taxa de bits adaptativa, a latência de vídeo depende, principalmente, do comprimento do segmento de mídia. Por exemplo, se os segmentos de mídia tiverem 6 segundos de duração, o aplicativo de reprodução já começa com 6 segundos de atraso em relação ao tempo absoluto real quando solicita o primeiro segmento”, explica o artigo da Amazon.
Mais qualidade, menos usuários
Petersen também alerta para a qualidade da conexão de internet e número de usuários da rede em determinada residência. Quanto pior for o serviço, maior deve ser o atraso. O mesmo serve para a quantidade de pessoas conectadas. Para minimizar os danos, a recomendação é focar nestes dois pontos, caso o consumidor só tenha acesso ao streaming.
“É possível optar, caso haja disponibilidade, por outro meio que tenha menos propensão à atrasos, como a TV digital ou o rádio. Caso não seja possível, a opção é reduzir a quantidade de usuários na internet, que está reproduzindo o conteúdo, por exemplo, e ter uma conexão rápida e de boa qualidade. Isso, certamente, terá impacto na experiência da transmissão”, analisa o especialista.
Lá vai um resumo para você ficar por dentro de como evitar os famosos delays! Via de regra, a melhor experiência para o acompanhamento quase simultâneo ao evento transmitido se dá pelo rádio e TV aberta. Na sequência, aparecem os canais fechados. Os mais lentos são os serviços de streamings, dependentes de diversos fatores.