Pela primeira vez na história, mulheres vão apitar um jogo de futebol masculino na Copa do Mundo e o Brasil está bem representado. Neuza Inês Back será a árbitra assistente no jogo entre Costa Rica e Alemanha, que acontece nesta quinta-feira e terá um trio de mulheres na arbitragem.
Com certeza, a partida será um marco no mundo do futebol. A brasileira será a assistente 1 e estará acompanhada pela mexicana Karen Diaz Medina, que será assistente 2, e pela árbitra francesa Stéphaine Frappart, que apita o confronto pelo grupo E da competição.
Pouco antes de viajar ao Catar, Neuza conversou com a Rádio Bandeirantes e falou sobre suas expectativas em relação ao evento. “É a realização de um sonho, espero curtir e poder aproveitar”, ressaltou.
A assistente de arbitragem tem 38 anos e nasceu em Saudades, interior de Santa Catarina, onde cresceu e teve o primeiro contato com o futebol. A arbitragem chegou para aproximar a catarinense ainda mais do esporte. Neuza começou a apitar jogos em todo país e hoje é um rosto conhecido dentro dos grandes jogos nacionais.
Fato é, esse é o maior desafio da árbitra, o maior torneio que já participou e de maior relevância. “Esse é o maior desafio da minha carreira, a gente sabe que o mundo para durante o evento. É um desafio para mim e para todas as mulheres. Com certeza vão questionar se vamos dar conta, se é apenas uma ação social da Fifa ou se temos capacidade. E espero mostrar que somos capazes”.
São 129 profissionais de arbitragem , destes apenas 6 são mulheres, o que representa 4%, o ambiente é majoritariamente masculino. Neuza também fez uma reflexão sobre isso: “É um equilíbrio, ao mesmo tempo que você tenta mostrar que é um bom profissional tem que respeitar o espaço que está chegando. É natural mostrar seu trabalho para depois conquistar o respeito. Mas, nunca me senti mal por ser mulher e estar no meio. Espero que seja um ambiente normal”.
Além disso, a arbitra também falou sobre a qualidade da profissão no Brasil “A qualidade a gente não discute, temos vários profissionais convocados para o maior evento de Futebol. O que eu vejo, é a questão do futuro, nós precisamos tornar a arbitragem profissional. O futebol é um produto e todos profissionais no meio precisam estar organizados para torná-lo melhor”.
Ainda quando questionada porque não houve árbitros de vídeos brasileiros convocados para o evento, Neuza foi sincera: “A questão do Var é positiva, mas precisamos evoluir. Algumas situações como agilidade, tecnologia, capacitação devem ser melhoradas. O var é uma situação nova, ainda tem muita o que ajustar”.
Com certeza, o dia 1 de dezembro de 2022 ficará marcado na história do futebol como mais uma conquista das mulheres dentro do esporte.
Quando questionada sobre qual seleção gostaria de arbitrar, Neuza foi clara: “Bom, seleção brasileira não podemos trabalhar, pela nacionalidade. Mas gostaria de apitar um jogo de uma das campeãs”, e ela tem pela frente, na sua estreia, a tradicional e poderosa Alemanha, mais um sonho realizado.