Filipe Luís foi apresentado como técnico do Flamengo menos de um ano após pendurar as chuteiras na Gávea. ‘Convocado’ pela diretoria rubro-negra após a demissão de Tite, o treinador disse conhecer o clube “como ninguém” e falou sobre recuperar o futebol do atacante Gabigol. Ele chega com contrato definitivo até dezembro de 2025.
“Eu conheço esse grupo como ninguém. Eu sei das lideranças, o que acontece. Eu estava presente durante cinco anos nesse mesmo grupo. Acho que só chegaram três ou quatro jogadores desde que eu me aposentei. Eu conheço todos eles. E eu sei que vou tomar decisões que vão incomodar alguns jogadores, que alguns deles vão ficar bravos comigo. Mas não é com o Filipe Luís pessoa, e sim o treinador. É importante separar isso. A melhor forma de respeitar os jogadores é treinando e deixando eles preparados para os jogos. As decisões vão agradar alguns, outros não... mas não vou ter cuidado especial por algum deles, sempre colocando a equipe e o Flamengo em primeiro lugar. Com esses valores eu me guio para não confundir nunca amizade e profissionalismo”, disse o treinador.
Na conversa com a imprensa, Filipe Luís disse que não pensou duas vezes em aceitar o cargo, embora tenha sido noticiado que ele “tenha pensado” por não se sentir “pronto” para assumir o time principal.
Outro tema da primeira coletiva de Filipe Luís foi Gabigol. O atacante teve poucos minutos com Tite e tem futuro incerto para a próxima temporada na Gávea.
“Eu sei da capacidade do Gabriel, e não importa o tempo de contrato. Se são um, dois meses, cinco anos. Eu vou dar a vida por todos os jogadores para que eles possam melhorar individualmente e fazer com que eles joguem de uma forma organizada. Eu vou fazer de tudo para recuperar o alto nível dele, o alto rendimento que ele já teve. Assim que ele começar a falar no campo, começar a ser o Gabriel que eu conheci, ele vai recuperar os minutos que ele precisa para ter uma sequência. Mas eu vou tentar melhorar a equipe, todos os jogadores, e não só o Gabriel”, disse Filipe Luís.
Simeone inspirou Filipe Luís
Técnico de uma equipe profissional menos de um ano após se aposentar dos gramados, em 2023, Filipe Luís falou sobre Diego Simeone, técnico argentino que o inspirou para virar treinador. Eles trabalharam juntos no Atlético de Madrid, quando o brasileiro era um dos principais laterais do futebol mundial.
“Muito feliz que ele falou isso de mim [que acha o Filipe Luís inteligente e preparado para ser treinador]. Admiro muito ele. Já disse muitas vezes que ele foi o cara que mudou a minha cabeça, ‘meu chip’, ele fez eu ter esse desejo [de ser treinador]. Foi ele, ele é o grande culpado de eu estar aqui sentado hoje. Nunca me interessei, mas depois que eu entendi que um treinador é capaz de mudar a vida de uma pessoa, eu quis ser também. Sempre fui muito questionador, perguntei muito, aprendi muito, continuo aprendendo, errando”, explicou.
Outras respostas de Filipe Luís
Tite e trabalho herdado
Não quero me comparar com nenhum trabalho. Quero começar uma nova história, um novo Flamengo, com a minha cara. Eu pego um time que não é um caos, não é um time de jogadores descompromissados. Tite deixou muitas coisas boas de herança. Eu pego um time que, com os ajustes sob a minha forma de pensar o jogo, vamos tentar implementar o que eu penso.
Estilo de jogo
Dois treinos é pouco tempo, quem está neste mundo sabe. Vamos fazer alguns ajustes necessários e pouco a pouco ir implementando meu modelo de jogo. Quero que seja um time que pressiona muito, incômodo ao adversário, que saiba competir muito bem em todas as fases do jogo. Vamos enfrentar um adversário que está numa crescente e vai incomodar. Desde ontem de manhã [segunda-feira] estou preparando e estudando máximo o Corinthians para fazer um grande jogo.
Estreia em jogo decisivo
O melhor jogo para estrear é um jogo importante, que tem pressão, peso, é semifinal. Quando eu jogava, o mais difícil era motivar em um jogo que não tinha muita transcendência. Esse jogo não precisa motivar ninguém, todos querem ganhar, chegar à final. Para isso, precisaremos fazer um jogo de excelência.
Experiência como técnico na base
Nunca pensei em começar direto no profissional. Porque eu acho que as vivências te trazem experiências, e não a idade. Eu tive muitas vivências no futebol, mas, sim, sou jovem, não tem como fugir disso. Por mais que eu tenha me preparado muito, conversado com técnicos na Europa, a vivência é fundamental, não é a mesma coisa. Então a passagem pela base foi fundamental, para conhecer o dia a dia, montar metodologia de treinos. Pouco a pouco fui me sentindo melhor, vi evolução, montei uma comissão muito forte. Hoje, a gente tem um método de trabalho para que eu me sentisse o mais seguro quando viesse a oportunidade.
Pensar jogo a jogo
Sinceramente, eu não consigo no futebol pensar uma semana na frente. Penso jogo a jogo, é uma coisa que eu aprendi e me fez muito bem como jogador. Obviamente que o objetivo do Flamengo sempre é lutar por tudo, e eu sei desse peso, não fujo dessa responsabilidade. Com o elenco que temos, com os jogadores que estão no vestiário, eu tenho que fazer jogar. E se eu não fizer jogar, eu sou o maior culpado.