Um estudo realizado pela Sports Value, especializada em branding, avaliação de marcas e de propriedades esportivas, apontou a SAF do Atlético Mineiro como a mais valiosa do país, estimada em R$ 3,387 bilhões.
Atrás do time mineiro aparece o atual campeão da Copa Libertadores, o Botafogo, com um valor de mercado de R$ 1,857 bilhões. Curiosamente o Fogão superou justamente o Atlético-MG na final da Libertadores.
Atrás deles aparece o Cruzeiro, com SAF avaliada em R$ 1,472 bilhões. O time celeste chegou na final da Copa Sul-Americana deste ano, mas perdeu para o Racing-ARG.
O Vasco está na sequência, com R$ 1,207 bilhões. O clube criou a SAF, vendeu para a 777, mas teve problemas e cancelou o negócio. Agora segue como SAF e deve ser vendida para um novo dono.
Valor de mercado das principais SAFs do Brasil:
Atlético-MG: 3,387 bilhões
Botafogo: R$ 1,857 bilhões
Cruzeiro: R$ 1,472 bilhões
Vasco da Gama: R$ 1,207 bilhões
Bahia: R$ 875 milhões
Fortaleza: R$ 754 milhões
América-MG: R$ 638 milhões
Coritiba: R$ 416 milhões
Cuiabá: R$ 371 milhões
Valor de mercado dos principais times brasileiros em 2024:
Flamengo: R$ 4,879 bilhões
Palmeiras: R$ 3,956 bilhões
Corinthians: R$ 3,702 bilhões
Atlético MG SAF: R$ 3,387 bilhões
São Paulo: R$ 2,869 bilhões
Internacional: R$ 2,524 bilhões
Atlhetico-PR: R$ 2,293 bilhões
Fluminense: R$ 2,162 bilhões
Botafogo SAF: R$ 1,857 bilhões
Grêmio: R$ 1,839 bilhões
A lei que permitiu a transformação dos clubes em SAFs (Sociedade Anônima do Futebol) completou três anos de vigência neste mês de agosto. Ela teve como um dos autores o advogado José Francisco Manssur, atualmente sócio da CSMV Advogados. Autor do livro “Futebol, Mercado e Estado”, ao lado de Rodrigo Monteiro de Castro, ele detalha o projeto de recuperação, estabilização e desenvolvimento sustentável do futebol brasileiro.
"Sempre dissemos que a SAF é um instrumento para atrair dinheiro novo para os clubes que escolherem esse modelo. Já na janela do meio do ano foi possível perceber que o nível de investimento dos clubes em geral teve um crescimento relevante impulsionado pelas SAFs. É gratificante ver clubes que estavam em situação difícil no cenário nacional nos últimos anos, como Cruzeiro e Botafogo disputando títulos internacionais e recuperando a auto estima dos seus torcedores", afirma Manssur.
"Desde a implementação das SAFs, observamos um aumento significativo nos aportes de capital local e internacional nos clubes brasileiros. Esse influxo de investimentos não apenas estabiliza financeiramente as equipes, mas também abre portas para um crescimento sustentável a longo prazo. A rentabilidade potencial é imensa, dado o mercado brasileiro de futebol, que é um dos mais apaixonados e engajados do mundo. Com uma gestão profissionalizada e transparência financeira, as SAFs têm a capacidade de transformar o cenário esportivo no Brasil, tornando-se altamente atrativas para investidores globais", afirma Fernando Lamounier, Head de Marketing da Multimarcas Consórcios, empresa que é uma das patrocinadoras do Galo.
Na avaliação geral, incluindo clubes que não são SAF, o Atlético-MG é o quarto colocado. Assim como em anos anteriores, os três primeiros continuam sendo o Flamengo, com valor R$ 4,8 bilhões; o Palmeiras, avaliado em R$ 3,9 bilhões, e o Corinthians, com R$ 3,7 bi.
Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, o dinheiro somente não garante sucesso. "Já tivemos muitas provas de que os aportes das SAFs podem gerar resultados já no curto prazo no Brasil, mas nem sempre isso vai acontecer. O Vasco, que está muito próximo do Botafogo, é um exemplo disso. Muito foi gasto, e com um retorno esportivo no mínimo questionável. Dinheiro muda o número de pessoas às quais você tem acesso. Se não souber as escolher, pode fracassar com muito. Mas ter um "dono" já faz com que o clube deixe de se planejar como uma prefeitura. Um ambiente aberto a oportunistas, que fazem dele palanque para elevar sua exposição e influência, sem responsabilidade com o que se dará no mandato seguinte. Essa é a principal mudança. O quanto vai ser aportado com a mudança não é nem um dos três fatores mais importantes, ou pode demandar tempo para ser refletido em títulos", aponta.
Com a possibilidade de mudança na maneira de administração de instituições do futebol, algumas delas se destacaram não só pelo investimento em contratações, mas também em áreas como infraestrutura e profissionalização. Nesse sentido, especialistas avaliam como a transformação de clubes em SAFs mexe com a indústria do maior esporte do país e impacta no mercado brasileiro.
"O modelo SAF no país deve trazer junto uma exigência básica de gestão, gastar menos do que recebe. Depois se pensa em inovação, criação de projetos especiais e qualquer outra frente que seja bonito de se falar. Obviamente que a SAF vem num primeiro momento para salvar esses clubes mais endividados, mas sem boa gestão, as coisas continuarão como estão. Por isso que algumas instituições que já estão bem estruturadas estão tendo esse cuidado e esperando o momento certo para a concretização deste modelo que, de fato, deve ser uma realidade em nosso país", pontua Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
“Além dos impactos positivos que observamos no departamento de futebol de alguns times no Brasil, as SAFs têm obtido êxito em influenciar a indústria do esporte no país como um todo. Quando observamos a valorização financeira de clubes ao adotarem esse modelo de gestão, não estamos vendo apenas um único benefício a essas instituições. O que realmente estamos presenciando é uma movimentação em todo ecossistema, desde o engajamento com o público até a reformulação estrutural do clube”, avalia Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, destaca alguns dos ganhos.
Esse discurso segue o mesmo tom do que pensa Claudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management, empresa que atende centenas de jogadores em todo o mundo, entre eles o zagueiro Bastos, com passagens pelo futebol europeu e que hoje é um dos principais destaques do Botafogo. De acordo com o executivo, a modernização do clube carioca, estruturando e modernizando seus departamentos por meio da SAF, fez o clube descobrir o defensor. Segundo ele, essa deve ser uma nova tendência para aqueles que se tornaram Sociedade Anônima do Futebol e seguem estruturando seus departamentos.
"Todas as áreas passam pelo processo de modernização com a SAF, e isso tem a ver com a profissionalização em análise de desempenho e scout, que conhece de forma ampla o mercado nacional e internacional. O Botafogo se encaixou exatamente dentro desta filosofia e o mérito é todo do clube, que enxergou essa oportunidade", conta.