Como foi a rotina de quem assistiu (ou não) ao E-Prix de São Paulo a trabalho

Bombeiros, vendedores, médicos, faxineiros: no Circuito do Anhembi, quem foi para trabalhar também quis guardar lembranças da Fórmula E

Como foi a rotina de quem assistiu (ou não) ao E-Prix de São Paulo a trabalho
Socorristas conseguiram registrar carros de ponto com boa visão
Band

“Olha, Robson! Os carros!”

O aviso foi dado por uma funcionária da manutenção do Circuito do Anhembi a um colega nas primeiras horas da manhã deste sábado (7), no começo do segundo treino livre do E-Prix de São Paulo. O público ainda estava chegando, mas a categoria elétrica já tinha gente bastante disposta a assistir os pilotos em ação – no caso, o pessoal que trabalhava em diversos setores da organização da prova.

Mesmo estando no Anhembi, não é todo mundo que consegue assistir ao que acontece na pista. Parte considerável dos colaboradores atua em setores que não tem visão às atividades, e nem pode deixar as atividades durante treinos, classificação e corrida.

Quem pode, no entanto, dá um jeito. “Só consegui os treinos”, contou uma jovem que trabalhava em dupla em um dos pontos de hidratação gratuita, torcendo para conseguir achar uma brecha para ver a corrida. “Estava até dando uma choramingadinha aqui.”

Outros têm mais sorte. Do topo de uma das arquibancadas, um bombeiro observava o grid de largada, com o celular em mãos, pronto para registrar imagens se o dever não chamasse. Até puxou papo com a reportagem.

“Onde larga o brasileiro?”, perguntou.

“Aquele carro amarelo e azul”, respondi, apontando a Lola Yamaha ABT de Lucas di Grassi no 14º lugar do grid.

“E quem é o pole?”

“Wehrlein.”

O público chegou a vaiar quando a largada foi abortada, em decorrência de um problema da Envision de Robin Frijns. Quando a corrida começou, os fãs comemoraram – até que veio uma segunda bandeira amarela na segunda volta, provocada pelo acidente entre Nico Müller (Andretti) e Jake Hughes (Maserati).

Com a entrada do safety car, o público novamente entrou em modo de espera. Na saída de uma das passarelas sobre a pista, um funcionário da limpeza sacou o celular para fotografar. O mesmo foi feito por outro encarregado da segurança, posicionado junto a um grupo em um dos portões à beira do traçado.

Quando a corrida foi reiniciada, foi a vez de os integrantes de um posto médico aproveitarem o momento sem atendimento para se posicionarem em um ponto com vista para a corrida. Dali, médicos e bombeiros empunhavam smartphones para fotografar a fila de carros que passava a poucos metros.

A disputa seguiu, com direito a uma paralisação causada pelo abandono da Andretti de Jake Dennis e mais uma pelo espetacular acidente da Porsche de Pascal Wehrlein. No fim, Mitch Evans (Jaguar) venceu, segurando António Félix da Costa (Porsche) e Taylor Barnard (McLaren) até o fim.

Passadas a premiação e as entrevistas coletivas, a organização encerrava a estrutura. Uma funcionária que controlava a movimentação da imprensa foi embora conformada, mesmo sem ter conseguido ver os carros na pista. “Pelo menos fiquei aqui no ar condicionado, protegida do calor”, alegou.

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