Quatro africanos já conquistaram cinturões do UFC: Kamaru Usman, Israel Adesanya, Francis Ngannou e Dricus Du Plessis. O UFC 305, evento que será realizado neste sábado (17), trará uma novidade para essa história: o nigeriano Adesanya e o sul-africano Du Plessis vão duelar pelo cinturão dos pesos médios e decidirão quem é o "verdadeiro campeão da África" - pelo menos na visão de Du Plessis.

Atual campeão do peso médio, Du Plessis alega que os três primeiros campeões africanos não representavam o continente de fato. Afinal Usman, Adesanya e Ngannou se tornaram lutadores em outros países.

O começo dos africanos do UFC

É importante contextualizar as histórias dos primeiros campeões africanos. Eles não foram para outros países simplesmente para abandonar o continente. 

O nigeriano Usman, primeiro campeão africano, foi levado para os Estados Unidos quando ainda era criança, porque o pai tinha conseguido um bom emprego por lá.

Adesanya tem uma história parecida: foi levado para a Nova Zelândia quando tinha apenas 10 anos, por escolha dos pais. Quando virou lutador, fez carreira na Oceania e na China, país com o qual também tem forte identificação.

E a história mais impressionante é de Ngannou, que fugiu de Camarões porque vivia muitas dificuldades por lá. Migrou para diferentes países africanos, cruzando o deserto e passando por humilhações. Até que atravessou do Marrocos para a Europa. Virou lutador na França.

A rivalidade entre Du Plessis e Adesanya

Du Plessis nasceu na África do Sul e ainda mora lá. Por isso começou a dizer que seria o "verdadeiro campeão da África". Essa provocação mexeu com Adesanya, que era campeão na época e prometeu "arrastar a carcaça de Du Plessis pela África do Sul".

Com isso começou a surgir um cenário para que os dois se enfrentassem pelo cinturão. Após nocautear Robert Whittaker, o sul-africano desafiou Adesanya. Os dois ficaram frente a frente em cima do octógono, criando um clima perfeito para o combate.

Alguns percalços adiaram a luta: primeiro Du Plessis se lesionou; depois Adesanya perdeu o cinturão para Sean Strickland e quis se afastar dos octógonos. Mas Du Plessis voltou, conquistou o título e voltou a provocar Adesanya. Até que foi anunciada a luta entre os africanos, marcada para este sábado.

Nesta quinta (16), aconteceu mais um episódio forte dessa rivalidade: em entrevista coletiva, Adesanya disse que ia conquistar o cinturão e levá-lo para a África do Sul, comprovando ser o "verdadeiro campeão africano" no país do rival. 

Mas Du Plessis retrucou, perguntando se Adesanya levaria também seus empregados. Era uma referência a uma declaração do próprio nigeriano, que disse ter empregados na infância. Adesanya disse que Du Plessis não conhecia a história dele e não deveria citá-la nas provocações. Ficou emocionado e chorou.

Então os ânimos estão mais acirrados do que nunca. É possível questionar se essa luta realmente vai definir um "verdadeiro campeão da África". Mas é impossível não se empolgar com um combate tão cheio de histórias e provocações.