Duelo UFC

Mayra Sheetara teve depressão antes de virar estrela do UFC: "Pensei em parar"

Uma das melhores lutadoras do Brasil só conseguiu brilhar no UFC depois de receber apoio psiquiátrico

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Conheça os campeões do UFC, detalhes das lutas, datas dos próximos eventos, curiosidades sobre os atletas e relembre momentos históricos. O blog Duelo, do jornalista Allan Brito, esquenta a nova cobertura do UFC na Band

Reprodução

Atualmente a brasileira Mayra Sheetara vive ótima fase no UFC e está perto de lutar por um cinturão. Mas até 2021 a situação era bem diferente: ela tinha acumulado lesões e uma série de resultados ruins, que culminaram em um caso de depressão. A brasileira quase parou de lutar. 

Em entrevista ao Duelo, Mayra contou como deu a volta por cima: mudou a categoria na qual lutava e cuidou da saúde mental com psicólogo e psiquiatra. “Acho muito importante falar isso, porque às vezes as pessoas têm preconceito. Quando eu baixei para o peso mosca, eu tive uma depressão forte, porque eu tive 5 cirurgias em 5 anos. Comecei a perceber que era por causa da perda de peso. E desde que tive essa depressão, eu faço tratamento com psicólogo e psiquiatra para que eu não volte para aquela fase, porque foi uma fase muito dura”.

No peso mosca, Mayra tinha feito 5 lutas no UFC e conquistado apenas duas vitórias. Depois de todas mudanças, ela emendou três vitórias seguidas no peso galo. Com isso ganhou a oportunidade de fazer a luta principal do UFC Vegas 77, neste sábado (15), contra Holly Holm.

“Eu treinava e parecia um leão. Mas na hora de lutar parecia um gatinho. Aí eu falava: ‘gente, isso não é pra mim. Acho que eu tenho um problema muito sério de ansiedade, de medo, que me trava. Então eu tive muita dificuldade e quis parar. Pensei em parar várias vezes, mas graças a Deus eu não parei. Acima de tudo é procurar pessoas que te ajudam, porque às vezes você não vê uma saída, mas pode ter certeza que tem gente que está com você e que vai te ajudar a encontrar uma saída. E quando essa saída chegar, pode ter certeza que vai se sentir uma pessoa muito abençoada. Não tem nada que pague o amor das pessoas que estão do seu lado e você falar ‘como eu amo a minha vida’, isso não tem nada que pague”.

Saúde mental no UFC

O debate sobe saúde mental no esporte ganhou muito espaço nos últimos anos. O lado psicológico de atletas costuma ser esquecido e visto com preconceito. A própria Mayra admite que teve receio no começo. “Eu tinha esse preconceito quando eu fiquei doente. A Glória (de Paula, esposa da Mayra) pegou no meu pé. Eu falava ‘não sou louca, não preciso desses médicos’”.

Mayra contou que vê esse preconceito como um ponto fraco para o MMA brasileiro. “Eu acho que o brasileiro dá uma negligenciada nisso. Não basta você entrar ali e ter apenas coração, se a sua mente não está ali. Não adianta nada. Então eu acho que é um trabalho que os brasileiros têm que começar a desenvolver sim. É onde os campeões estão se sobressaindo. Pode ver os campeões. Eles têm uma força mental muito grande”.

Mayra Sheetara x Holly Holm

Inicialmente Mayra ia enfrentar Miesha Tate, que sentiu uma lesão na mão. Então o UFC apontou Holly Holm, 3º lugar no ranking, como substituta nessa combate. A brasileira confessou que sentiu uma mistura de sentimentos durante essa mudança.

“No começo eu fiquei chateada quando a Miesha saiu. Até fiquei um tempo sem adversária. Até que, por fim, graças a Deus, a Holly aceitou fazer a luta. Só que ela pediu um tempo a mais pra treinar. Aí a gente deu o tempo que ela queria. Lógico que seria um grande prazer. E ela está bem colocada né? Então para mim foi muito bom. Se eu sair com a vitória no sábado contra ela, eu estou muito bem, eu fico entre as top 3 colocadas no ranking, muito próxima do cinturão”, comentou Mayra, agora empolgada com a mudança.

Holly Holm já foi campeã mundial de boxe e conseguiu grandes nocautes no MMA. Mas Mayra entende que a americana mudou o estilo de luta nos últimos anos, “está mais contida” e não vai querer um combate em pé. Por isso Sheetara diz que buscará um nocaute. “A Holly não está mais tão striker. Eu vou tentar buscar o meu primeiro nocaute no UFC. Eu tenho sete finalizações no primeiro round, mas eu nunca procurei o grappling (luta agarrada). É o grappling que me procura”.

A maior dificuldade na preparação de Mayra foi encontrar alguém que simulasse Holly Holm nos treinos. “A gente teve dificuldade de encontrar um sparring (companheiro de treino) que fizesse a Holly perfeitamente. Então meu treinador Anderson França falou ‘vou ser sua Holly’. E aí acabou que o meu próprio treinador teve que ser o meu sparring. Ele já tinha estudado muito, já tinha feito todo o plano de jogo, então ele sabia mais ou menos o que ia fazer”.

Por que “Sheetara”?

Todos lutadores do UFC têm apelidos. No caso de Mayra é uma referência a uma personagem do desenho Thundercats. Mas ela não foi chamada assim por semelhança facial.

“Meu primeiro treinador, o Evangelista Cyborg, tinha todos Thundercats no time. Aí, quando eu entrei, ele me apelidou de Sheetara, porque é uma gata muito rápida. E eu tenho uma certa velocidade aí”, explicou Mayra.

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