A vitória do Irã sobre País de Gales por 2 a 0 nesta sexta-feira (25) é muito significativa para a luta pelos direitos das mulheres. No Irã, as mulheres são proibidas de frequentar os estádios e são vítimas de repressão. Mas nada foi mais significativo do que a vitória do Irã ser confirmada com o segundo gol feito por um jogador calçando chuteiras cor-de-rosa. Não é só futebol.

Vários protestos foram realizados no Irã nos últimos meses contra o regime autoritário e contra a repressão às mulheres, principalmente após Mahsa Amini, de 22 anos, morrer em setembro após ser presa injustamente porque teria usado o hijab - tipo de véu islâmico -, de maneira inadequada e vestido calça jeans skinny. Além disso, as mulheres não podem frequentar os estádios no país.

As imagens das torcedoras nas arquibancadas do Catar chorando e se emocionando ao ouvir o hino do país é uma grito silencioso de protesto pela resposta violenta que o regime teocrático do Irã dá às manifestações que pedem mais liberdade e respeito. A polícia do Catar confiscou várias bandeiras usadas como protesto. Mas essa é uma voz que não se cala.

No jogo de estreia da seleção do Irã contra a Inglaterra, a torcida vaiou o hino em protesto e em apoio ao movimento “Woman, life, freedom”.

Torcedores exibiram camisetas com o nome de Mahsa Amini nas arquibancadas para o mundo inteiro ver. Futebol e política se misturam, sim.

Chuteira rosa

A vitória também é um mérito para o bom futebol. País de Gales não é nenhuma potência, mas tinha a obrigação de vencer com tranquilidade uma seleção que na primeira rodada perdeu de 6 a 2 para a Inglaterra. Mas Bale e companhia preferiram segurar o jogo para garantir o 0 a 0. A bola pune,

O primeiro gol do Irã foi a confirmação de que quem acredita luta até o fim. Do time que lutou pela vitória até o último minuto e que tem chances sim de se classificar pela primeira vez na história para as oitavas-de-final da Copa. Basta ganhar dos Estados Unidos na próxima rodada.