Todo jogador que marca um golaço logo vira meme: “Esse vale um Prêmio Puskas”. O prêmio de “gol mais bonito do ano em todo o mundo” foi instituído pela Fifa em 2009, que já teve como ganhadores Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic, James Rodrigues e os brasileiros Neymar e Wendell Lira, é uma homenagem a um dos maiores jogadores da história do futebol.
Ferenc Puskas foi o astro da seleção da Hungria campeã olímpica em 1952, em Helsinque, e vice-campeã da Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Foi também o terceiro maior artilheiro do século XX, com 746 gols.
Puskas integra uma lista curiosa e muito restrita, a de jogadores que jogaram Copas do Mundo por países diferentes. Depois de brilhar com a Hungria, em 1954, deserdou o país onde o futebol era amador, no regime comunista, para jogar no Real Madrid. Naturalizou-se espanhol e disputou a Copa de 1962, no Chile, pela Espanha.
Apenas cinco jogadores têm esse feito:
- Luis Monti: jogou a Copa de 1930 pela Argentina e a de 1934 pela Itália
- Ferenc Puskas: jogou a Copa de 1954 pela Hungria e a de 1962 pela Espanha
- José Santamaria: jogou a Copa de 1954 pelo Uruguai e a de 1962 pela Espanha
- José Altafini, o Mazzola: jogou a Copa de 1958 pelo Brasil e de 1962 pela Itália
- Robert Prosinecki: jogou a Copa de 1990 pela Iugoslávia e as de 1998 e 2002 pela Croácia
O gol digno de Prêmio Puskas
Mas, afinal, qual é o gol de Puskas que valeria um Prêmio Puskas? Qual foi o maior golaço do craque entre os mais de 700 que marcou? Segundo o próprio Puskas revela em sua biografia, “Puskas, uma lenda do futebol”, de Rogan Taylor e Klara Jamrich, foi o terceiro gol da histórica vitória da Hungria sobre a Inglaterra em novembro de 1953 por 6 a 3 no Estádio de Wembley, em Londres.
Foi a primeira derrota da Inglaterra em seu famoso estádio e foi o jogo que mostrou ao mundo como a Hungria jogava um futebol revolucionário. Aquele jogo é considerado por muitos o “Jogo do Século”.
O gol começa com um lançamento para o atacante Czibor, na direita. Ele vê Puskas entrando na área e cruza rasteiro. O camisa 10 da Hungria domina a bola com o pé esquerdo e rola a bola com a sola do pé para trás, como um jogador de futsal, fazendo com que o zagueiro inglês passe batido ao tentar o carrinho. Em seguida, de canhota, Puskas finaliza para a gol chutando alto no canto esquerdo do goleiro.
O drible é popularmente chamado de drag-back (arrastar para trás, em tradução livre), tem nos jogos virtuais do Fifa Player, mas com Puskas a coisa foi real.
“Todo mundo pensou que fosse uma jogada bem ensaiada de minha parte, mas não foi”, disse ele na biografia. “Foi simplesmente um reflexo. Eu estava à direita do gol, na beira da pequena área, quando recebi a bola do Czibor na ponta direita. Eu estava de costas para o gol e precisava virar, mas vi Billy Wright se lançar para a bola com toda a força. Ele esperava que eu me virasse para dentro. então arrastei a bola para trás com os pinos da chuteira esquerda e, girando os calcanhares, a atirei alto, para dentro da rede, no lado próximo do goleiro, onde ele não esperava.”
Puskas ainda destacou: “O drag-back era algo que eu costumava fazer quando criança, mas que nunca pratiquei. Era instintivo. Meu futebol não era cheio de truques fantasiosos. Eu gostava de coisas simples em campo.”
Na Copa de 1954, Puskas marcou quatro gols. Ele se machucou na segunda rodada, não jogou a semifinal contra o Brasil e voltou na final contra a Alemanha Ocidental. Ele fez o primeiro gol da Hungria, mas os alemães venceram por 3 a 2 e foram campeões.
Puskas morreu em Budapeste, no dia 17 de novembro de 2006, vítima de pneumonia, aos 79 anos. Seu corpo foi enterrado na Basílica St. Stephan, no centro da capital da Hungria. A presença do ídolo está por toda parte da cidade: um famoso bar temático leva o nome de Puskas, o principal estádio é a Arena Puskas e o jogo histórico de Wembley decora um grande mural no coração de Budapeste.
Copa do Mundo de 1954
- Período: 16 de junho a 4 de julho de 1954
- País-sede: Suíça
- Campeão: Alemanha Ocidental
- Vice-campeão: Hungria
- 3º lugar: Áustria
- 4º lugar: Uruguai
- Artilheiro: Kocsis (Hungria), com 11 gols
- Participação do Brasil: eliminado nas quartas-de-final pela Hungria por 4 a 2. O time era Castilho; Djalma Santos, Pinheiro e Nilton Santos; Brandãozinho, Bauer; Julinho, Didi, Índio, Humberto e Maurinho. O técnico era Zezé Moreira.
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Final: Alemanha Ocidental 4 x 2 Hungria
- Gols: Puc (CHE) aos 31 e Orsi (ITA) aos 36 minutos do 2º tempo; Schiavo (ITA) aos 5 minutos do 1º tempo da prorrogação.
- Alemanha Ocidental: Turek; Posipal, Kohlmeyer; Eckel, Liebrich, Mai; Rahn, Morlock, Ottmar Walter, Fritz Walter e Schäfer. Técnico: Sepp Herberger
- Hungria: Grosics; Buzansky, Lorant; Lantos, Bozsik, Zakarias; Joszef Toth, Kocsis, Hidegkuti, Puskas, Czibor. Técnico: Gusztav Sebes
- Árbitro: IWilliam Ling (ING)
- Público: 60.000 pessoas
- Local: Estádio Wankdorf,g em Berna