Sucessor de Maradona, Ortega enterrou sonho argentino diante da Holanda em 1998

Em três minutos, camisa 10 foi expulso e a Argentina levou o gol que eliminou o time da Copa disputada na França

Paulo Guilherme Guri

A Copa do Mundo de 1998 foi a primeira que a Argentina disputou depois que Diego Maradona parou de jogar. Maradona tinha sido pego no doping durante a Copa de 1994 e nunca mais atuou pela seleção do seu país. Mas deixou um legado de futebol, talento e dedicação à seleção Argentina para seus sucessores prosseguir. O primeiro a encarar essa missão, que atualmente está com o craque Lionel Messi, foi o meia Ariel Ortega. Ele foi o camisa 10 da Argentina na Copa de 1998. Ortega não suportou a pressão.

O time tinha grandes craques como o lateral Zanetti, o volante Simeone, o meia Veron e os atacantes Claudio Lopez e Batistuta. Tinha também dois goleadores na reserva, Balbo e Crespo. Isso tirava de Ortega o peso de ser um comandante do time como era Maradona ou como é atualmente Messi. O técnico da Argentina naquela Copa foi Daniel Passarella, o capitão campeão em 1978, e que exigiu que os atletas cortassem o cabelo para jogar o Mundial.

A Argentina começou vencendo o Japão por 1 a 0, gol de Batistuta. No segundo jogo, goleada por 5 a 0 sobre a Jamaica. Batistuta fez três gols e Ortega marcou dois. Na terceira rodada, vitória por 1 a 0 sobre a Croácia. 

Ortega no jogo entre Argentina e Holanda em 1998 (Foto: Fifa)

Na oitavas de final, a Argentina encarou o bom time da Inglaterra. O jogo foi pegado e terminou empatado por 2 a 2. Nos pênaltis, deu Argentina. Aí veio a Holanda, nas quartas-de final, exatamente o adversário e a fase que os argentinos vão enfrentar nesta sexta-feira (9) no Catar.

A Holanda também tinha um timaço, com o goleiro Van der Sar, os irmãos Frank de Boer e Roland de Boer, os meias Seedorf, Davids, Cocu e Bergkamp, e o atacante Kluivert.

Argentina e Holanda jogaram sob sol forte no Estádio Velódromo, em Marselha. O jogo foi muito equilibrado. No primeiro tempo, Kluivert marcou aos 12 minutos e Claudio Lopez empatou aos 17. O equilíbrio seguiu no segundo tempo. Tudo indicava que o jogo iria para a prorrogação. Até que Ortega estragou tudo. 

Faltando três minutos para o fim, o camisa 10 entrou em uma divida gol com Van der Sar. Com os dois no chão, Van der Sar xingou a mãe de Ortega. Nervoso, o argentino de 1,90 metro levantou-se para encarar o goleiro de 1,97 metro e acabou acertando o queixo do holandês. Van der Sar aproveitou para cair e Ortega foi expulso pelo árbitro mexicano Arturo Brizio Carter. 

Atônitos, os argentinos se desconcentram. Foi o tempo de a Holanda aproveitar com um lançamento longo de Frank de Boer para Bergamp que tirou Ayala da jogada em uma matada de bola e chutou para o gol do goleiro argentino Roa. Eram 44 minutos do segundo tempo. Não dava para a Argentina reagir.

Em 1978, a Argentina foi campeã vencendo a Holanda na final (Foto: Fifa)

Com a vitória, a Holanda se vingou da derrota na final da Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Naquela partida, os holandeses quase saíram vencedores. No último minuto do tempo normal de jogo, o atacante Resenbrink chutou o título na trave. Na prorrogação, a Argentina passou por cima e saiu vencedora por 3 a 1.

As duas seleções se enfrentaram outras duas vezes em Copas do Mundo. Em 2006, um empate por 0 a 0 sem graça na primeira fase da Copa disputada na Alemanha. E, em 2014, na NeoQuímica Arena, em São Paulo, outro 0 a 0 que terminou com vitória argentina nos pênaltis na semifinal do Mundial disputado no Brasil. E agora, quem ganha?

Copa do Mundo de 1998

  • Período: 10 de junho a 12 de julho de 1998
  • País-sede: França
  • Campeão: França
  • Vice-campeão: Brasil
  • 3º lugar: Croácia
  • 4º lugar: Holanda
  • Artilheiro: Suker (Croácia), 6 gols
  • Participação do Brasil: vice-campeão ao perder a final para a França por 3 a 0. O time era Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair, Roberto Carlos; César Sampaio, Leonardo, Dunga, Rivaldo; Ronaldo, Bebeto. O técnico era Zagallo. Também jogaram: Gonçalves, Doriva, Giovanni, Zé Roberto, Edmundo, Denílson
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Final: Itália 2 x 1 Checoslováquia

  • Gols: Zidane (FRA) aos 27 e aos 45 minutos do 1º tempo; Petit (FRA) aos 45 minutos do 2º tempo
  • França: Barthéz; Desailly, Lizarazu, Thuram, Leboeuf; Deschamps, Djorkaeff (Vieira), Zidane, Karembeu (Boghossian); Petit, GuivarcŽh (Dugarry). Técnico Aimé Jacquet
  • Brasil: Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair, Roberto Carlos; César Sampaio (Edmundo), Leonardo (Denílson), Dunga, Rivaldo; Ronaldo, Bebeto. Técnico Zagallo
  • Árbitro: Said Belquola (MAR
  • Público: 75.000 pessoas
  • Local: Estádio de France, em Saint-Denis

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